GRAVIDADE 5 – tantas emoções


Levi Nauter



A preocupação com a eloqüência e a necessidade de mostrar talento tirou o sangue de muitos! Sêneca



Ontem tive a maior experiência da minha vida. Vi a criança que nascerá a partir do final de abril dando cambalhotas. Segundo o médico, possivelmente será uma menina, a Maria Flor. Foi lindamente emocionante. Os bracinhos, as perninhas, a cabeça, sobretudo o nariz. Lindai! O médico tocava na barriga a fim de um ângulo melhor, a Flor dava uma espécie de pulinho ou fazia uma cambalhota. Nós, pais, abobalhados, emocionados, assistíamos. O coração a mil: 170 batimentos por minuto, parecia um temporal.

Que presente de Deus! Que Deus perfeito, sabe direitinho como emocionar a gente. Ver aquele pequeno ser foi para mim um deslumbre da glória divina. Aproximadamente doze centímetros fazendo a nossa felicidade.

Não havia nenhuma cambalhota de mais. Ela não disse uma palavra. O momento foi simples e singelo. Nada de eloqüência. Apenas pulinhos, apenas brincadeira, apenas a celebração da vida.

Embasbacado, lembrei do Drummondii:


“Como fazer feliz meu filho?

Não há receitas para tal.

Todo o saber, todo o meu brilho

de vaidoso intelectual


vacila ante a interrogação

gravada em mim, impressa no ar.

Bola, bombons, patinação

talvez bastem para encantar?

(...)

Eis que acode meu coração

e oferece, como uma flor,

a doçura desta lição:

dar a meu filho meu amor.


Pois o amor resgata a pobreza,

vence o tédio, ilumina o dia

e instaura em nossa natureza

a imperecível alegria.”


Saimos do consultório felizes, rindo e chorando. Somos três: eu, a Lu e, ao que tudo indica, a Maria Flor.

Duas flores da minha vida.




iAté confirmação contrária, utilizarei o gênero feminino. Afinal, há mais probabilidade de eu errar do que um médico acostumado com ecografias cometer tal gafe – ainda que não se possa descartar.

iiOs trechos selecionados são da poesia Diante de uma criança, do mestre Carlos Drummond de Andrade. Da obra Poesia Completa – conforme as disposições do autor, publicada pela Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro – em 2002, numa parceria com a Bradesco Seguros.


FOTO: da minha amada Lu de Mira.

3 comentários:

Anônimo sexta-feira, outubro 17, 2008 11:52:00 PM  

Querido Levi,
obrigada por dividir este momento conosco... :)
Saudades de vcs.
Com amor,
Camila, Gustavo e Chloe.

Intransitiva terça-feira, outubro 21, 2008 11:46:00 AM  

Toda vez que entro aqui, me emociono com os relatos de vocês. Coisas da vida, literalmente!
Desta vez, em vez de abraço mando uma cambalhota para os pais da Flor!

CRISTIAN SILVEIRA DE ALMEIDA domingo, outubro 26, 2008 12:16:00 PM  

Parabéns Levi, os momentos mais felizes para mim, foi (e é) ser pai. Sei como está se sentindo. Deus te abençõe!
Sou leitor assíduo de seus textos
Abraços
Cristian Almeida (Titi)

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Maria Flor

Sobre este blog

Para pensar e refletir sobre o cotidiano de um cristianismo que transcende as quatro paredes de um templo.


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LEVI NAUTER DE MIRA, doutorando em educação (UNISINOS), mestre em educação (UNISINOS) e graduado em Letras-português e literatura (ULBRA). Tenho interesse em livros de filosofia, sociologia, pedagogia e, às vezes, teologia. Sou casado com a Lu Mira, professora de História, e pai da linda Maria Flor. Adoramos filmes e séries.

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