fim do ano

Levi Nauter




Estou vivendo na agonia da folha em branco. Não por não ter o que escrever, o que mais me angustia é a falta de vontade mesmo. Há bastante ideia que cede lugar para uma leitura, para a retomada de alguma série televisiva ou para brincar com a minha pequenina Maria Flor – além de algum passeio com as mulheres aqui de casa (Lu e Flor).
Em 2010 meus textos minguaram consideravelmente. Em termos cristãos, eu decidi dar uma retomada em obras que falassem de Graça. É sempre bom relembrar que com a mesma graça que Deus me envolve eu preciso envolver a outros e outras. Ou pelo menos é isso que se espera de alguém que se diz cristão – com ou sem igreja (no meu caso, sem). Pensei em fazer isso assim que retornei das férias, mas não imaginava que surgiriam bons títulos sobre o assunto para eu ler.
Noutras palavras, eu diria que mergulhei no meu eu buscando ser melhor do que tenho sido – ou venho sendo. Tenho muito que mudar. Tenho muito que escrever. Muito para ler. Muito por fazer.
Nessa trilha convidei o Vander Lee para me acompanhar. Suas composições mineiras, que me interligam aos célebres do Clube da Esquina, falam de uma profundidade que por vezes doi. Meu jardim tem tudo a ver com o que venho passando ao longo desse ano. Presente do meu amigo Gustavo, estou gastando tanto o DVD quanto o CD. A letra e o vídeo estão a seguir.
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores         
                     
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores       
                        
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores    
   
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho     
                            
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
                                   
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho       
 
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho     
                              
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Abraços, com o desejo de que 2011 venha para nele eu escrever a minha história – mais uma vez.






video 24 - para o natal com Casting Crowns

Levi Nauter



Quase tudo que esse pessoal faz é tão bem feito que, aqui no Brasil, alguns artistas parecem esperar algum lançamento do Casting Crowns para depois fazerem um disco em língua portuguesa.
Aqui, I heard the bells on christmas day, trecho de uma das músicas do ótimo trabalho naalino Peace on the earth.



video 23 - para o natal com Ane Moses Band

Levi Nauter


Eu gosto de Ane Moses Band porque faz uma bela mistura de música pop com o clássico. Tudo bem feitinho. Em O’come Emmanuel, tradicional nessa época, eles mostram um pouco do que sabem fazer. Os três discos que possuo desse pessoal valem a pena parar para ouvir como as obras pedem.



video 22 - para o natal com Faith Hill

Levi Nauter


Gosto da Faith Hill porque ela usa a voz em diversos estilos musicais e, sobretudo, deixa suave e potente sem ser pedante (Celine Dion). O disco de natal dela é muito bom. No vídeo abaixo ela fez uma espécie de clip especial de natal para a MTV.







video 21 - para o Natal com Sting

Levi Nauter



Sting, na minha opinião a grande cabeça do The Police, ficou muito melhor em carreira solo. Seu requinte musical e seu gosto estético são para mim inspiração. Ah se eu também pudesse morar na Itália...
No vídeo abaixo, ele interpreta (o que é mais do que simplesmente cantar) uma música maravilhosa. Mais que isso é o lugar onde ele está cantando, na Catedral de Durham – Inglaterra. Num lugar assim eu – com o maior orgulho e prazer – congregaria. 








video 20 - para o natal com a Carola

 Começo a postar o que venho ouvindo de música natalina. Inicio com a ucraniana Carola.



video 19 - música para o dia 02-11

Levi Nauter



Não há nada mais emocionante, fascinante, renovador e esperançoso do que ouvir música de verdade. A composição é feita por gente que costuma pensar e não simplesmente despejar o que bem dá na telha. E o cantor ou cantora se entrega totalmente à interpretação. Bah!!!
É o caso dessa cantora: Tatiana Parra. Maravilhosa.







músicas para o natal II

Levi Nauter


Já estou em ritmo natalino. No ano passado comentei a respeito de alguns álbuns que eu estava ouvindo. Alguns deles continuam na minha lista e outros se somam. Propositalmente não coloquei título brasileiro; a razão é simples: o natal daqui nada tem a ver com o de lá. Se eu fosse falar sobre o espírito natalino tropical falaria com o Ivan Lins que é quem melhor traduz essa temática, a meu ver.
Abaixo, fica a dica de alguns álbuns. Fica também a sugestão de se ouvi-los no amanhecer, à noitinha ou na hora que você quiser.

A bela ucraniana vem com uma não menos bela contribuição. Mais sobre ela em http://www.carola.com






A country Faith Hill também faz bela interpretação de músicas tradicionais natalinas. Bem legal. Mais em http://www.faithhill.com




Eu ainda continuo sugerindo uma voz que parece frágil, mas que se agiganta melodiosamente. A Leigh Nash dos ex-Sixpence. Esse disco eu sugeri no ano passado. Continua valendo.






Não deixei de fora a paixão do cantor PG (ex Oficina G3). Como não sou muito fã desse pastor, prefiro os originais Casting Crowns. Eles têm um disco maravilhoso sobre o natal. www.castingcrowns.com






Também adorei o CD de uma família que sabe fazer bem o que se propõe, cantar num estilo consagrado da vocalização. São os The Isaacs. http://theisaacs.musiccitynetworks.com/index.htm





Continuando na perfeição vocal, mas aliando a boa técnica musical, sugiro o messiânico Marty Goetz. Seu trabalho natalino parece-me bem mais uma peça a ser encenada.





Termino com o sempre bom Sting. Sua reflexão natalina vale ser escutada. WWW.sting.com






Há música para todos os gostos. É só curtir. E, se possível, comentar, enviar a outros amigos.


Abraços, 
e Boas Festas

A saúde do Movimento Evangélico - de Ricardo Gondim

Mais uma vez, o texto do pastor Ricardo Gondim por aqui. Ele expressa o que penso - com a ressalva de que optei, com todos os riscos possíveis, seguir um caminho mais solitário, independente de qualquer denominação. Estou na igreja mínima ("dois ou três reunidos em Meu nome").  Com essa decisão já ouvi de tudo um pouco, mas não me importo, sirvo a Deus na surdina, no meu trabalho com alunos e zonas de pobreza nas quais há mais templos 'tirando' do que 'dando' aos pobres.

Reflitamos sobre um Movimento que, ao meu ver, esqueceu há tempos o evangelho.

Levi Nauter



Na adolescência, abandonei o catolicismo e fui rebatizado na Igreja Presbiteriana de Fortaleza. Desde então, migrei por várias tendências do protestantismo, que no Brasil assumiu-se como Movimento Evangélico. Fui membro da Convenção Geral das Assembléias de Deus (CGADB). Cooperei com a Associação Evangélica Brasileira (AEVB). Já falei em incontáveis congressos e conferências. Meu código genético religioso, portanto, é bem definido pelo Movimento Evangélico.



Pastoreio uma igreja com diversas comunidades locais espalhadas pelo Brasil. Caminho ao lado de parceiros e parceiras que levam a sério a vocação ministerial.


Reconheço, porém, que vez por outra peso nas tintas ao criticar o Movimento Evangélico. Não o faço como um observador frio e distante. Eu não me condenei ao ostracismo espiritual. Nunca quis tornar-me profeta auto-referenciado, sem interlocutores. Lido com gente; falo para mais de 3 mil pessoas todos os domingos. E, por mais que tente evitar, sempre que escrevo deixo as minhas impressões digitais religiosas.


Ao criticar, entendo que necessito ser cuidadoso. Não posso portar-me como o fariseu que corava de raiva quando se quebrava o til ou a vírgula da lei, mas era insensível para o abuso de princípios éticos que carcomiam a sua própria alma.


Ao criticar o Movimento Evangélico, não posso passar ao largo da iniquidade que condena milhões de brasileiros a viverem abaixo da linha da miséria. Escolado em ambientes puritanos sei como é possível ver-se sugado para o debate moralista. Eu não teria dificuldade de discursar sobre rigor sexual e arrancar bons aplausos dos que veem promiscuidade até nos desenhos animados que divertem crianças nas manhãs de sábado.


Não é difícil agradar os auditórios religiosos. Basta uma pitada de perspicácia: diante de um auditório burguês é suficiente repetir algumas doutrinas ortodoxas e todos se sentem felizes.


Insisto em escrever e falar porque o imperativo cristão não me larga. Não consigo calar diante de temas fundamentais como: justiça, solidariedade, tolerância, honestidade. O Evangelho me constrange. Sinto-me convocado a engajar-me na defesa do indefeso, na inclusão do excluído e na busca de justiça para o injustiçado. Diante desse categórico, nascem perguntas que não posso fugir: Qual a força do sistema de alienar-me? Para que lado ir na encruzilhada da Avenida Conforto com a Rua Responsabilidade?


Acomodação ética não é desvio, mas deformação. Está deformada qualquer instituição, religiosa, política ou educacional, que seja ágil para denunciar o menos importante e lenta para detectar o essencial.


Uma geração periga quando diminuem os profetas (nestes tempos, não se conhece sequer a função de um profeta – secular ou religioso). A camisa de força da mesmice vem sufocando a criatividade. O patrulhamento do conservadorismo conspira contra a liberdade de pensar. Faltam profetas.


Carecemos de homens e mulheres que não tenham medo de denunciar com o dedo em riste: Esta geração está inebriada pela doutrina do sucesso e vai se afogar na ganância e na complacência.


Minha crítica ao Movimento Evangélico começou há alguns anos, quando vi líderes indignados com questões periféricas, mas silentes diante de atrocidades. Raras vozes se levantaram contra evangélicos norte-americanos que abençoaram uma guerra absurda. O Iraque foi invadido e destruído devido a uma mentira (Onde estavam as armas de destruição em massa?). Faz-se silêncio sobre a morte de centenas de milhares.


Noto o constrangimento de alguns conservadores que não gostam de serem considerados do mesmo naipe que Benny Hinn, Kenneth Hagin, Edir Macedo ou Valdemiro Santiago. Mas eles se sentem orgulhosos de confessar a mesma doutrina que Franklin Graham, Pat Robertson, John McArthur, Chuck Colson e Max Lucado. Talvez considerem esses senhores dignos porque repetem a "doutrina verdadeira" e são de um país riquíssimo.


Por mais que seja difícil sentar ao lado de neopentecostais ávidos por lucro, acredito ser exponencialmente pior participar da roda de quem, sob o manto do conservadorismo teológico, sustenta a agenda de direita belicosa dos Estados Unidos. George W. Bush se aposentou mas a sua cartilha ainda continua a valer entre os evangélicos: lutar contra o aborto e contra os homossexuais, mas defender a pena de morte e apoiar a National Rifle Association.


Mas adesismo não destoa dentro do Movimento Evangélico. Quando os militares dominaram a política brasileira, havia um acordo tácito entre pastores e ditadores. Os ditadores deixavam os pastores pregarem e conduzirem campanhas evangelísticas e os pastores faziam vista grossa para a tortura.


Não é possível varrer para debaixo do tapete da piedade que o Movimento Evangélico brasileiro se esmera no irrelevante. Igrejas se multiplicam nas redondezas urbanas, mas não têm agenda contra preconceito racial ou de gênero. Impressionam as estatísticas sobre os avanços dos evangélicos; resta perguntar se alteram a sorte de milhões de crianças que vivem em ruas fétidas e estudam em escolas sucateadas.


Lamentavelmente, enquanto os evangélicos se reúnem em conferências para discutir e defender sua identidade, o Brasil permanece na lista dos mais injustos do planeta.


Mesmo decepcionado e muitas vezes desestimulado, continuo escrevendo, pregando e trabalhando. Sei que uma nova geração se levanta; acredito que milhões de rapazes e moças desejam ser leais ao Evangelho e anseiam por novos ventos.


Também não jogo a toalha porque acredito que se nos calarmos as pedras clamarão.






Soli Deo Gloria


8-09-10

video 18 - música para o feriado

Levi Nauter



Há uma infinidade de cantores que atraem meus ouvidos. Sou um chato em matéria musical porque não sou dado a celebridades do midiático mundo gospel. No entanto, alguns nomes sobressaem pela qualidade das músicas que compõem ou escolhem para interpretar. Também não sou do tipo que ergue a bandeira do “melhor cantor (a) gospel da atualidade”; eu fora dessa. Ouço música pela arte mesmo e não pelo conteúdo ser ou não sacro. Arte e beleza, isso me parece imprescindível.
Sem mais delongas, deixo para o feriado dois clipes de dois cantores que aprecio há algum tempo. O velho e bom Don Moen e a bela Christy Nockels, esta o xodózinho da Mariana Valadão. Gosto de suas performances nas conferências Passion. Espero que gostem também. A música que escolhi do Don é parte do maravilhoso trabalho chamado Thank you Lord. Da Christy selecionei uma parceria com o Chris Tomlin na Conferência Passion. A música do Don Moen também é belamente cantada pela pastora irlandesa Kathryn Scott no seu primeiro CD, vale a pena ouvir a versão dela na internet. Espero que vocês gostem.

















o lançamento de louvor mais aguardado do ano

Levi Nauter


Aqueles que gostam de um ‘adorador’, de um ‘mover de deus’, bem como aqueles que dizem que Ele ‘está levantando uma geração disso ou daquilo’ (ainda que não se veja) e todos os que apreciam músicas com poucas notas, mas carregado de ritmos mais norte-americanizados ou europeizados não podem deixar de ouvir esse disco. Ele tem tudo para ser rodado naquelas rádios que se acham pura unção (como se demonstra isso?) ou nas que semeiam Jesus e colhem vidas (e não pessoas), entre outras. As músicas foram, ao que parece, pensadas para ‘pegarem’ o ouvinte; aquelas que a gente passa o resto do dia cantando-as.
O disco a que me refiro ainda sai na frente dos chamados cantores midiáticos ‘gospeis’. Isso porque as letras são um pouco melhores, claramente revelam alegrias e tristezas – ao contrário das ‘góspeis’ que atualmente só buscam coisinhas boas de Jesus. Em vez de lascar a obviedade de que Jesus é a solução, opta por questionar-se na bela canção Quem eu sou. A melancolia de Tempo mistura uma poesia interessante. Perdida e salva faz um belo diálogo com termos aparentemente dicotômicos – e o violão ficou bem bonito, além da linha melódica que a cantora seguiu.
De quem falei até agora? Da Sandy e seu primeiro CD solo Manuscrito.
Ouça e seja abençoado. Se possível, sinta saudade da música brasileira.


férias de inverno


Levi Nauter


Logo, logo estarei curtindo minhas férias de inverno. De 26-7 até o dia 08-08 vou aproveitar para colocar meus textos em dia, bem como as minhas leituras. Além disso, quero brincar bastante com minha amadinha e minha amadona. Quero pôr em dia as visitas que devo aos meus poucos amigos devido a uma pesada carga horária de 60 horas semanais.
Tentarei polir, melhorar, alguns textos que rabisquei nesse primeiro semestre. A volta de Cristo ou o fim do mundo, A minha Meca – são alguns exemplos. Textos que envolvam conceitos musicais e textos que fazem uma reflexão sobre a quase falida educação pública brasileira.
Mas sem atropelos. Primeiro a minha vida familiar, depois, se der tempo, as outras coisas.
Então, até dia 09-08.
Fiquem com Deus.

DESIGREJADOS


Enquanto não me chega a época do recesso escolar e a falta de tempo para escrever toma conta, deixo dois bons textos do viajado Hermes C. Fernandes. Ele escreveu sobre os milhoes de brasileiros que vivem como eu: cristãos, sem igreja.

Até mais,

LN





Jesus peitou o sistema religioso de Sua época, mesmo sabendo o alto preço que teria que pagar por Seu atrevimento.

Ele disse que faríamos obras ainda maiores. E por quê maiores? Quem somos nós para superarmos o nosso Mestre?

O fato é que, quando Jesus caminhou entre nós, o sistema religioso, por mais refinado que parecesse, ainda era rudimentar em comparação aos nossos dias.

Hoje, se quisermos seguir os passos de Cristo, teremos que peitar uma verdadeira
indústria religiosa, onde as pessoas são vistas, ora como produtos, ora como clientes, e ora como engrenagens.

O que muitas vezes é chamado "discipulado", nada mais é do que a produção de
seguidores em série, soldadinhos de chumbo, réplicas perfeitas de seus mentores.

Não foi isso que Jesus planejou quando recrutou Seus primeiros discípulos na Galiléia. Jamais foi Sua pretensão que a igreja se tornasse numa fábrica de lunáticos.

O discipulado autêntico é aquele que nos desafia a
encarnar a mensagem de Cristo, tornando-nos agentes transformadores do Reino, inseridos numa sociedade corrompida. O verdadeiro discipulado é o que envia ovelhas para o meio dos lobos.

O mais importante não é encher a igreja, mas encher o Mundo com o conhecimento de Deus.

Enquanto quebramos maldições hereditárias, o abismo entre gerações se acentua, e assim, 'maldições existenciais' se perpetuam.

Buscamos cura interior, enquanto lá fora, há chagas sociais que precisam cicatrizar, hemorragias que ainda não foram estancadas.

Discutimos o
sexo do anjos, enquanto pequenos anjos, abandonados nas ruas, são molestados diariamente por quem deveria protegê-los.

Reagimos violentamente contra leis que poderiam prejudicar a igreja, mas não nos importamos com leis que prejudicam os mais necessitados.

Mania de coar mosquitos e engolir camelos!

- Limpem bem seus pés quando entrarem no templo para não estragar o carpete novo.
Amém ou não amém? E não se esqueçam de se escrever em mais um congresso a ser realizado no hotel tal, por uma bagatela de 400 reais.

Tornamo-nos uma
caricatura da igreja de Jesus.

Enquanto a sociedade se debruça sobre questões de primeira grandeza, voltamo-nos para nós mesmos, preocupados com questiúnculas.

- Não podemos perder para os gays, não é verdade? Se eles reuniram três milhões em sua infame parada, vamos reunir o dobro em nossa marcha pra Jesus.

Grande coisa!

Ah se os crentes soubessem que muitos desses manifestos são apenas demonstrações de poder político!

É por essas e outras que, a cada dia, cresce assustadoramente o número de
desigrejados. Uma massa descontente com os rumos tomados pelas igrejas.

Quando sairemos às ruas em favor do oprimido? Quando deixaremos de lado nossa postura arrogante e estenderemos as mãos aos necessitados?

Enquanto mantivermos o
dedo em riste, em espírito inquisitório, o mundo nos dará outro dedo.

Quando as igrejas deixarem de ser currais eleitorais, e se tornarem centros de cidadania; quando deixarem de se preocupar com o próprio umbigo, e voltar-se para fora, então a esperança triunfará. O dedo que antes apontava os erros, passará a indicar o caminho.





Acredito ter sido o primeiro a usar a expressão “desigrejados”. Estava em busca de uma palavra que expressasse a condição de muitos cristãos de nossos dias, daí surgiu esse neologismo. Aqui nos Estados Unidos, cunhou-se a expressão “churchless” para designar esta enorme massa de crentes que deixaram os currais denominacionais para servirem a Deus em seu próprio ambiente doméstico.
Ser “desigrejado” não é o mesmo que ser “desviado”. O desviado seria aquele que não apenas deixou a igreja, mas afastou-se do próprio Cristo, voltando às práticas pecaminosas que antes dominavam sua vida.
Já o desigrejado não pretende afastar-se de Cristo, nem de Seus ensinamentos, mas tão-somente da máquina eclesiástica.
Solidarizo-me com os milhões de desigrejados espalhados em nosso País, ainda que eu mesmo não me considere propriamente um.
Embora seja bispo de uma igreja sediada no Brasil, tenho experimentado um pouco da sensação de ser desigrejado durante meu exílio aqui nos Estados Unidos. Não deixei de pregar para nossa igreja, ainda que via Skype com freqüência semanal. Até a Ceia tenho celebrado com minha família, com transmissão ao vivo para o Brasil. Nosso povo lá, e nós aqui, todos ao redor da Mesa do Senhor. Embora unidos no espírito, temos estado separados fisicamente por mais de um ano. Temos saudade do calor humano, do cheiro de gente, das atividades da igreja, etc.
Creio que esta sensação de exílio tem sido sentida por muitos desigrejados. No meu caso, devido à distância geográfica. Mas para muitos, deve-se a outros fatores, tais como, discordância doutrinária, não conformismo com a maneira em que a igreja tem sido conduzida, etc.
Os blogs apololéticos têm servido de púlpito para muitos desses cristãos autênticos, que decidiram não se dobrar ao espírito de Mamom. Eles se alimentam do que neles têm sido postados diariamente.
Infelizmente, não dá para dizer o mesmo da maioria dos programas evangélicos veiculados nos canais de TV ou em emissoras de rádio, onde a marca registrada é o proselitismo descarado.
Fenômeno semelhante ocorreu durante os dias da igreja primitiva. Houve um êxodo de cristãos que abandonaram o templo em Jerusalém e as sinagogas espalhadas pelo império, para servir a Deus em suas próprias casas. Santuários cristãos só surgiriam séculos depois com a paganização do cristianismo.
Os desigrejados não estão abandonando a Igreja, como geralmente se alega, e sim as estruturas denominacionais que se arrogam o direito de se intitular “igreja”. A Igreja de Cristo não é e nunca foi presbiteriana, batista, metodista, pentecostal, episcopal ou coisa parecida. Tais termos designam estruturas eclesiásticas. Isso inclui a denominação que presido. Muitíssimas vezes tenho declarado em nossos cultos: O Reino é muito maior que a REINA (nome de nossa denominação). O problema é que estamos mais preocupados em preservar os odres do que o vinho.
As estruturas denominacionais servem como andaimes usados na construção da genuína Igreja. Depois que esta estiver pronta, de nada servirão aquelas. Foram feitas pra acabar.
Meu conselho aos desigrejados é que busquem unir-se para cultuar a Deus e dar testemunho do Seu amor. Seu desânimo para com as instituições é justo. Mas não permitam que isso lhes afaste da prática do primeiro amor.



sem marcas

Levi Nauter


A cada texto que escrevo fico na expectativa de o que me sobrevirá. Geralmente sou contestado devido à ousadia (nem tanto assim) de, do meu jeito, questionar uma série de coisas  nem tão evangélicas dentro dos templos evangélicos. Nessas ocasiões, meus críticos lançam mão de diversas táticas a fim de meterem medo ou, pelo menos, fazerem daquilo que escrevo algo inócuo. Há, ainda, os que não me leem para não se contaminarem e muito menos para se desviarem dos 'propósitos'.
Mais surpreendente tem sido ler que sou pouco propositivo. Critico bastante, dizem alguns leitores, e proponho muito pouco. Houve até quem me sugerisse escrever somente aquilo que eu gostaria de encontrar numa igreja. O que me traria de volta para a igreja? O que me faria dar um fim no meu 'desviamento'? O que não me deixaria mais ficar parado? Noto, a partir de tais observações, que muito pouco dos cristãos que me leram entenderam minha proposta. Tudo vem corroborar minha perspectiva quanto ao leitor: a compreensão, bem como a interpretação de um texto depende das crenças (da cultura), da cosmovisão, do leitor. Ou seja, o que eu digo ou o que eu acho parte de algum lugar e nem sempre (quiçá nunca) será compreendido.
Ora, quando critico a igreja não significa desrespeitar os 'igrejeiros'. Mas significa que aquilo que estou narrando incomoda-me na igreja. Portanto, a leitura por trás do texto é a negação daquilo dito. Por exemplo, quando digo que o louvor musical brasileiro está australiano significa dizer que eu gostaria de cantar samba, choro ou bossa em vez de, como um papagaio, repetir os chamados the best (coisa que eu não acho que sejam). Se digo (e faço seguidamente isso) que as mensagens dos televangelistas estão mais para auto-ajuda que para bíblicas parece-me óbvio que gostaria que elas tivessem mais profundidade e conteúdo. Mas ai de quem ouse criticar Silas Malafaia, RR Soares, Juanribe Pagliarin, entre tantos e tantos outros que existem e, certamente, surgirão.
Não faço isso por vingança. Não tive uma decepção com algum líder. Minha relação com as pessoas das denominações por que passei (duas, no total) é como deve ser: respeitosa. Procurei contribuir enquanto por elas estive; chegou um momento, porém, que as dicotomias eram tais que tive de tomar decisões. Considerei muito melhor sair a causar danos, servir de tropeço para recém nascidos na fé. E não me arrependo. Fui tachado de tudo que se possa imaginar. Ouvi até palavras de baixo calão de alguns (pseudo)líderes – gente que, sem temor, acha-se no direito de bradar: “eu te abençoo”, “eu te dou a bênção” - como se tivessem poderes divinos.
Já recebi propostas as mais diversas de retorno. O problema é que ou eram calcadas em valores ('não tá afim de tocar na igreja nova que estou montando? Dá um troco bom) ou no medo (se você não vem pelo amor, virá pela dor). Cansei disso. Às vezes penso em retomar o caminho da institucionalização; é mais fácil. Também penso em achar um lugar para conviver com outros cristãos, principalmente quando penso na minha filha. Ainda considero que o cristianismo é uma boa opção de crença, possui um bom padrão moral e ético. Hoje, meu retorno teria tudo a ver com cristianizar minha filha. Não tomamos (eu e a Lu) uma decisão sobre isso ainda. Questiono a mim mesmo se seria proveitoso perder a liberdade que tenho no momento. Sim, porque a instituição – a fim de sobreviver – tira a liberdade de seus fieis e põe-lhes, tocando as culpas em Deus (“a obra é Dele”, “Ele vai te abençoar” e bla-bla-blá...), compromissos: frequência, participação em eventos e contribuições financeiras. Se é verdade o que já me disseram, ainda não estou morto o suficiente para ser cristão verdadeiro.
Por ora, quero é não cair nesse engodo midiático-cristão que aí está. Não tenho nenhuma instituição, não defendo nenhuma ideologia dessas que trazem slogans de efeitos (Deus é fiel, p.e.). Minha única dependência é de Deus. Meu maior compromisso aqui na Terra é viver dignamente e buscar proporcionar isso à minha família – minha filha e minha mulher – e, em seguida, aos meus pares humanos.
E se posso pedir algo aos poucos que me leem: não distorçam o que escrevo. Leiam nas entrelinhas (que é onde eu prefiro dizer mais), leiam os outros textos (todos, de preferência). Mas não distorçam. 
Esquadrinhem-me, mas com misericórdia.

confusão

Levi Nauter 



Infelizmente, alguns confundem síndrome de down com  
estar  meio 'down'.

web crentes

Levi Nauter


O que significa ser cristão em tempos de tecnologia? Entre tantas parafernálias (twitter, orkut, facebook...), ficamos saturados de informação (e não de conhecimento) e achamos - por vezes - que isso é tudo. Mas vem o Wilson Tonioli e dá-nos uma luz dos reflexos disso (he, he, he, he).

Crente Banda Larga: Acha que quanto mais informações por segundo conseguir transmitir, melhor será.

Crente Blog: Vive de comentários, e se magoa se ninguém lhe visita.

Crente Ctrl C Ctrl V: Julga todas as coisas, retém o que é bom e repassa tudo que é ruim.

Crente Download: Quer curar vírus, mas vive baixando espíritos.

Crente Email: Aborda tudo o que é assunto e espalha boatos como ninguém.

Crente Google: Acha que só ele consegue Buscar o Reino de Deus.

Crente Link: É sublinhado, destacado, e com imposição da mãozinha traz muitas revelações.

Crente Orkut: Fala errado pra kcete, mas muitos não ficam sem ele.

Crente Spam: Se intromete sem ser chamado.

Crente Twitter: Paranóico, acha que quanto mais pessoas o perseguirem, mas abençoado será.





FONTE: http://verticontes.blogspot.com/ 

OPUS DEI – sugestão de leitura

Levi Nauter

 

Acabo de ler um livro que bem poderia fazer parte da minha acepção pessoal para obra[i]. Seu conteúdo busca, pela metalinguagem, dizer-nos dos males causados aquele que segue essa entidade que é apoiada pela igreja católica.
O livro chama-se Opus Dei, os bastidores[ii].
Os autores não poupam críticas ao movimento recente no Brasil. E nada da falaciosa ‘crítica construtiva’. Denunciam mesmo as atrocidades que se faz com o psicológico dos frequentadores. As táticas utilizadas, os meandros dos bastidores, o discurso, enfim, tudo está lá exposto. Para não ficar só no lamento pelo lamento, há citações de outros discordantes e testemunhos de alguns que, digamos, se libertaram das amarras discursivas a ponto de fazerem o contraponto. Há gente famosa lá citada, tais personalidades ajudam a manter o status de entidade com fé pública.
A escrita é leve, sem pedâncias, por vezes beira o simplismo. Mas o conteúdo e que se traz à luz compensa algum eventual cansaço na leitura. O processo de exploração e as estratégias de crescimento numérico (de recursos humanos e de recursos financeiros) estão acima daquilo que se esperaria de uma entidade cristã. Chega-se à conclusão de que se segue uma fé prostituida. Uma fé vesga.
Enquanto lia, pensava nas denominações evangélicas que, aos borbotões, andam fazendo um estrago nas ditas almas. Lamentavelmente, poucos reagem em oposição a esses chamados líderes (pastores, bispos, apóstolos, entre tantos outros nomes ‘criativos’). Há uma frenética busca pelo dinheiro e pelo ter a qualquer custo. E a reação dos pacatos fiéis continua nula.
Igualmente pensei em quão rigorosos deveríamos ser ao utilizarmos nomes para eventos cristãos. Opus Dei tem um significado lindo, porém, ao que tudo indica a história vem paulatinamente tratando de denegrir, distorcer o significado original. É profundamente lamentável que ainda haja quem se considere imune às influências de um peso histórico do nome. É, portanto, inadmissível a um grupo evangélico que opte por ter um grupo chamado Opus Dei simplesmente porque a tradução literal dá-nos ‘obra de Deus’.
Ah, quem dera o cristão fosse mais parecido com Cristo...




[i] Minha opinião pessoal é a de que só merece o título de OBRA aquele livro (num primeiro olhar a publicação é apenas livro; ao fim, talvez, torne-se obra) cujo conteúdo transcende as páginas e leva-nos para uma parte da História da humanidade, a fim de fazer-nos refleti-la – preferencialmente sob um ângulo que saia do senso comum. Também merece esse título a ficção que, de alguma forma, transpõe-nos para um passado, um presente ou um futuro em cuja realidade a vida imita a arte. Em síntese, a obra precisa causar em nós algum tipo de suspiro (fruto de uma espécie de assombro, de desacomodação) no final da última página.
[ii] Mais especificamente, chama-se Opus Dei, os bastidores: história, análise, testemunhos. Os autores são Dario Fortes Ferreira, Jean Lauand e Marcio Fernandes da Silva. Li a publicação da Verus Editora, de 2005.




meu jardim

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minhas flores

minha alegria

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Maria Flor

Sobre este blog

Para pensar e refletir sobre o cotidiano de um cristianismo que transcende as quatro paredes de um templo.


"Viver é escolher, é arriscar-se a enganar, aceitar o risco de ser culpado, de cometer erros" [Paul Tournier]

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LEVI NAUTER DE MIRA, doutorando em educação (UNISINOS), mestre em educação (UNISINOS) e graduado em Letras-português e literatura (ULBRA). Tenho interesse em livros de filosofia, sociologia, pedagogia e, às vezes, teologia. Sou casado com a Lu Mira, professora de História, e pai da linda Maria Flor. Adoramos filmes e séries.

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  • PROIBIDA A ENTRADA DE PESSOAS PERFEITAS, de John Burke
  • OS DESAFIOS DA ESCRITA, de Roger Chartier

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