Levi Nauter
Ao longo de 2010 li (e ainda continuo lendo porque há bastante material) sobre a graça. Digo que li por ser mais fácil do que dizer que vivi. A vivência, creio eu, é um processo mais lento, demanda tempo e apreensão daquilo que se leu. Aquilo que internalizei possivelmente está vindo à tona e dará forma prática ao que hoje parece ser mais discurso.
O trabalho em três turnos, a dedicação de tempo para minha filha e para minha esposa tornou visível a falta de atualização de textos nos blogs[1] – especialmente neste. O Anotações sobre um cristianismo tinha um objetivo inicial que, passado algum tempo, não vejo mais sentido. Acho que cansei. Acabou meu tesão por ‘brigar’ pelo fim da instituição igreja; não tenho prazer em ficar explicando por que considero a igreja inútil para mim. Mas também não tenho vontade de sair catando um lugar para congregar. Não tenho medo do inferno – um deus que goste de inferninho provavelmente é dicotômico àquele em quem busco crer. Entendo a instituição e seus defensores, eles precisam de um lugar; os pastores e os que dela têm remuneração precisam sobreviver. Como ficariam essas Qualquer coisa music? E os Ministérios Disso e Daquilo? Há, infelizmente, uma série de pessoas que acredita nisso. Boa sorte a eles.
Eu cansei desse mundinho. Sinto-me em liberdade plena. A verdade me libertou e isso é o que me importa.
O lugar da minha adoração se ampliou e, junto, o meu espaço de oração. Agora eu sou (ou não) um cristão quando atendo (e bem) os meus alunos; quando dou informações importantes a quem as busca comigo. Sou cristão (ou não) no modo como convivo com meus vizinhos, no jeito que lido com o meu dinheiro, como cuido da casa, como respeito, amo e trato minha mulher e minha filha. Sou cristão (ou não) quando lido com meus familiares. O cristianismo ganhou outra dimensão para mim.
Não preciso ler o último lançamento gringo que a igreja tal adotou como livro do mês. Não tenho de dar dinheiro a nenhum ‘Ministério de música’, tampouco tenho de escutar ou assistir às palestras de gurus enrustidos de pastores. Não tenho que aturar um pastor que fala de graça e que, contraditoriamente, quer dar um soco noutro colega. To fora.
Esse meu debruçar na graça me fez ver o quão longe estou de ser um cristão perfeito. Ou melhor, jamais serei cristão perfeito. Quando e se eu chegar nesse patamar certamente morrerei. Ainda estou em passos lentos rumo ao altruísmo. Graça tem bastante de altruísmo. Tem bastante de perder para, talvez, ganhar depois. Esse caminho aventureiro tem me dado mais alegria de estar do que o caminho legalista de regras estipulado pelas instituições religiosas.
A consequência do envolvimento com a graça será a diminuição dos meus textos em Anotações... e mais nos outros blogs. Minhas prioridades estão tomando outros rumos. Como o cristianismo igrejeiro tem me interessado pouco os textos a respeito igualmente escassearam. Vou comentar mais a pequena arte que possa haver nesse metier.
E, por enquanto, é isso.
0 comentários:
Postar um comentário