Levi Nauter
Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Nem todas as respostas cabem num adulto. Arnaldo Antunes
Agora é verdade. Sou pai.
Hoje acordei com esse presente da vida. Levantei e, claro, a primeira coisa que fiz foi olhar o meu maior e melhor presente: minha filhota. Ela é a flor da minha vida. Com ela começo meu desenho de pai. Assim, relembro que ainda sou filho e tento, na medida do possível, melhorar a relação com o meu pai e a intensificar a minha função de pai da Maria Flor. O exercício tem sido reter o que foi bom e aprimorar as experiências traumáticas pelas quais passei. Sei, porém, do insucesso da minha empreitada antes da minha pequena ter uns vinte e poucos anos. Só então ela conseguirá fazer reflexões que vão me infligir penas ou absolver.
Agora entendo a preocupação com o futuro dos filhos. Já sonho ver minha linda bem encaminhada profissionalmente. Imagino vê-la sempre com saúde, risonha, amando a simplicidade e a vida. Também visualizo o grande desafio que me espera: mostrar Cristo longe das instituições religiosas. Precisarei refletir o pai celeste em mim que sou pai terreal. A minha fala, o meu cuidado, a minha presteza, meu companheirismo, meu humor, tudo poderá (ou não ) ser um discurso rumo a uma vida de fé cristã. Espero ser feliz nesse caminho.
Contudo, hoje fico mais atento aos detalhes do agora. Fico boquiaberto com a perfeição dela. As pequenas mãos já começam a pegar os brinquedos, a mamadeira e a apertar meus dedos ou a puxar os cabelos da mãe.
A voz dela é um doce. Rindo, dando os primeiros gritinhos ou até chorando; tudo me soa maravilhosamente bem. É como se fosse música, uma música composta por mim e a Lu. O cheiro dela nos encanta; as pernocas pedalando no ar nos enche de alegria e emoção. Sou um pai privilegiado, não há como resistir àquele rostinho dormindo cedo da manhã. Euforia contagiante é o seu sorriso matinal – misturado a um espreguiçamento de causar santa inveja. Ela é linda.
Nesse meu dia, ganhei um singelo (porém útil) presente. A Maria Flor é o presente que ultrapassa todas as datas. Olhá-la é lembrar o quanto Deus me ama. É saber do meu amor pela Lu. A Flor representa nossas metades, mistura nossa, a concretização de um sonho.
Eu sempre achei que a minha vida não teria graça sem filhos. Agora estou cheio de graça. Ela ri a toa, de graça. É um anjo.
Obrigado, filha, por tomar conta da minha vida.
Texto escrito no dias dos pais/2009. a preguiça só me fez digitar hoje - seis dias depois - ao som do sempre bom Don Moen e seu novo trabalho: I Believe There is More. A foto é obra da mãe coruja Lu, enquanto aguardávamos a pediatra nos atender no centro de Canoas. A Flor, na foto, tem quatro meses.
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