férias de inverno


Levi Nauter


Logo, logo estarei curtindo minhas férias de inverno. De 26-7 até o dia 08-08 vou aproveitar para colocar meus textos em dia, bem como as minhas leituras. Além disso, quero brincar bastante com minha amadinha e minha amadona. Quero pôr em dia as visitas que devo aos meus poucos amigos devido a uma pesada carga horária de 60 horas semanais.
Tentarei polir, melhorar, alguns textos que rabisquei nesse primeiro semestre. A volta de Cristo ou o fim do mundo, A minha Meca – são alguns exemplos. Textos que envolvam conceitos musicais e textos que fazem uma reflexão sobre a quase falida educação pública brasileira.
Mas sem atropelos. Primeiro a minha vida familiar, depois, se der tempo, as outras coisas.
Então, até dia 09-08.
Fiquem com Deus.

DESIGREJADOS


Enquanto não me chega a época do recesso escolar e a falta de tempo para escrever toma conta, deixo dois bons textos do viajado Hermes C. Fernandes. Ele escreveu sobre os milhoes de brasileiros que vivem como eu: cristãos, sem igreja.

Até mais,

LN





Jesus peitou o sistema religioso de Sua época, mesmo sabendo o alto preço que teria que pagar por Seu atrevimento.

Ele disse que faríamos obras ainda maiores. E por quê maiores? Quem somos nós para superarmos o nosso Mestre?

O fato é que, quando Jesus caminhou entre nós, o sistema religioso, por mais refinado que parecesse, ainda era rudimentar em comparação aos nossos dias.

Hoje, se quisermos seguir os passos de Cristo, teremos que peitar uma verdadeira
indústria religiosa, onde as pessoas são vistas, ora como produtos, ora como clientes, e ora como engrenagens.

O que muitas vezes é chamado "discipulado", nada mais é do que a produção de
seguidores em série, soldadinhos de chumbo, réplicas perfeitas de seus mentores.

Não foi isso que Jesus planejou quando recrutou Seus primeiros discípulos na Galiléia. Jamais foi Sua pretensão que a igreja se tornasse numa fábrica de lunáticos.

O discipulado autêntico é aquele que nos desafia a
encarnar a mensagem de Cristo, tornando-nos agentes transformadores do Reino, inseridos numa sociedade corrompida. O verdadeiro discipulado é o que envia ovelhas para o meio dos lobos.

O mais importante não é encher a igreja, mas encher o Mundo com o conhecimento de Deus.

Enquanto quebramos maldições hereditárias, o abismo entre gerações se acentua, e assim, 'maldições existenciais' se perpetuam.

Buscamos cura interior, enquanto lá fora, há chagas sociais que precisam cicatrizar, hemorragias que ainda não foram estancadas.

Discutimos o
sexo do anjos, enquanto pequenos anjos, abandonados nas ruas, são molestados diariamente por quem deveria protegê-los.

Reagimos violentamente contra leis que poderiam prejudicar a igreja, mas não nos importamos com leis que prejudicam os mais necessitados.

Mania de coar mosquitos e engolir camelos!

- Limpem bem seus pés quando entrarem no templo para não estragar o carpete novo.
Amém ou não amém? E não se esqueçam de se escrever em mais um congresso a ser realizado no hotel tal, por uma bagatela de 400 reais.

Tornamo-nos uma
caricatura da igreja de Jesus.

Enquanto a sociedade se debruça sobre questões de primeira grandeza, voltamo-nos para nós mesmos, preocupados com questiúnculas.

- Não podemos perder para os gays, não é verdade? Se eles reuniram três milhões em sua infame parada, vamos reunir o dobro em nossa marcha pra Jesus.

Grande coisa!

Ah se os crentes soubessem que muitos desses manifestos são apenas demonstrações de poder político!

É por essas e outras que, a cada dia, cresce assustadoramente o número de
desigrejados. Uma massa descontente com os rumos tomados pelas igrejas.

Quando sairemos às ruas em favor do oprimido? Quando deixaremos de lado nossa postura arrogante e estenderemos as mãos aos necessitados?

Enquanto mantivermos o
dedo em riste, em espírito inquisitório, o mundo nos dará outro dedo.

Quando as igrejas deixarem de ser currais eleitorais, e se tornarem centros de cidadania; quando deixarem de se preocupar com o próprio umbigo, e voltar-se para fora, então a esperança triunfará. O dedo que antes apontava os erros, passará a indicar o caminho.





Acredito ter sido o primeiro a usar a expressão “desigrejados”. Estava em busca de uma palavra que expressasse a condição de muitos cristãos de nossos dias, daí surgiu esse neologismo. Aqui nos Estados Unidos, cunhou-se a expressão “churchless” para designar esta enorme massa de crentes que deixaram os currais denominacionais para servirem a Deus em seu próprio ambiente doméstico.
Ser “desigrejado” não é o mesmo que ser “desviado”. O desviado seria aquele que não apenas deixou a igreja, mas afastou-se do próprio Cristo, voltando às práticas pecaminosas que antes dominavam sua vida.
Já o desigrejado não pretende afastar-se de Cristo, nem de Seus ensinamentos, mas tão-somente da máquina eclesiástica.
Solidarizo-me com os milhões de desigrejados espalhados em nosso País, ainda que eu mesmo não me considere propriamente um.
Embora seja bispo de uma igreja sediada no Brasil, tenho experimentado um pouco da sensação de ser desigrejado durante meu exílio aqui nos Estados Unidos. Não deixei de pregar para nossa igreja, ainda que via Skype com freqüência semanal. Até a Ceia tenho celebrado com minha família, com transmissão ao vivo para o Brasil. Nosso povo lá, e nós aqui, todos ao redor da Mesa do Senhor. Embora unidos no espírito, temos estado separados fisicamente por mais de um ano. Temos saudade do calor humano, do cheiro de gente, das atividades da igreja, etc.
Creio que esta sensação de exílio tem sido sentida por muitos desigrejados. No meu caso, devido à distância geográfica. Mas para muitos, deve-se a outros fatores, tais como, discordância doutrinária, não conformismo com a maneira em que a igreja tem sido conduzida, etc.
Os blogs apololéticos têm servido de púlpito para muitos desses cristãos autênticos, que decidiram não se dobrar ao espírito de Mamom. Eles se alimentam do que neles têm sido postados diariamente.
Infelizmente, não dá para dizer o mesmo da maioria dos programas evangélicos veiculados nos canais de TV ou em emissoras de rádio, onde a marca registrada é o proselitismo descarado.
Fenômeno semelhante ocorreu durante os dias da igreja primitiva. Houve um êxodo de cristãos que abandonaram o templo em Jerusalém e as sinagogas espalhadas pelo império, para servir a Deus em suas próprias casas. Santuários cristãos só surgiriam séculos depois com a paganização do cristianismo.
Os desigrejados não estão abandonando a Igreja, como geralmente se alega, e sim as estruturas denominacionais que se arrogam o direito de se intitular “igreja”. A Igreja de Cristo não é e nunca foi presbiteriana, batista, metodista, pentecostal, episcopal ou coisa parecida. Tais termos designam estruturas eclesiásticas. Isso inclui a denominação que presido. Muitíssimas vezes tenho declarado em nossos cultos: O Reino é muito maior que a REINA (nome de nossa denominação). O problema é que estamos mais preocupados em preservar os odres do que o vinho.
As estruturas denominacionais servem como andaimes usados na construção da genuína Igreja. Depois que esta estiver pronta, de nada servirão aquelas. Foram feitas pra acabar.
Meu conselho aos desigrejados é que busquem unir-se para cultuar a Deus e dar testemunho do Seu amor. Seu desânimo para com as instituições é justo. Mas não permitam que isso lhes afaste da prática do primeiro amor.



meu jardim

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minhas flores

minha alegria

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Maria Flor

Sobre este blog

Para pensar e refletir sobre o cotidiano de um cristianismo que transcende as quatro paredes de um templo.


"Viver é escolher, é arriscar-se a enganar, aceitar o risco de ser culpado, de cometer erros" [Paul Tournier]

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  • discografia do ótimo John Mayer

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LEVI NAUTER DE MIRA, doutorando em educação (UNISINOS), mestre em educação (UNISINOS) e graduado em Letras-português e literatura (ULBRA). Tenho interesse em livros de filosofia, sociologia, pedagogia e, às vezes, teologia. Sou casado com a Lu Mira, professora de História, e pai da linda Maria Flor. Adoramos filmes e séries.

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  • textos sobre EDUCAÇÃO (livros, revistas, artigos)
  • PROIBIDA A ENTRADA DE PESSOAS PERFEITAS, de John Burke
  • OS DESAFIOS DA ESCRITA, de Roger Chartier