Não sei dar muita explicação, mas ando sem vontade de escrever. Até possuo algumas ideias, rascunho várias delas – mas ficam no caderno (eu ainda prefiro rabiscar num caderno e depois ir para um computador). Minha fissuração pela discussão, pelo debate, pela tentativa do convencimento simplesmente tem desaparecido. Já não me atrai tentar convencer ninguém, senão dizer o que penso. Igualmente não me atrai fazer algo porque todos a minha volta estão fazendo.
Estou tentando viver mais poeticamente. Busco estar pero da minha família recém constituída – com a chegada da minha filha. Intento tornar meus dias mais significativos, mais tranquilos; com menos correria possível. Acordo cada dia tentando vivê-lo da melhor maneira possível, sem estresse, sem atucanação. Porém não é fácil. Viver assim exige paciência, uma paciência que por vezes me falta. Se ao dirigir obedeço à sinalização de trânsito sou quase esculachado pelos apressadinhos, muitos deles com adesivos do tipo ‘Deus é fiel’ (que ironia).
Tenho três amigos, graças a Deus, que me presenteiam – de quando em quando – com uma penca de discos de variadíssimos estilos. O Marco Aurélio vem com o lado que eu chamaria de intelectual, apresenta-me músicas com alto teor de estudo. Parece que todas as notas foram milimetricamente pensadas. Andy McKee, John Mayer, Daiana Krall e o simpático smooth jazz são alguns exemplos do que passei a apreciar ainda mais depois da apresentação pelo Marco. Sua insistência para que eu escutasse levou-me a também admirar o poderoso Leonardo Gonçalves (bota saber usar a voz).
Outro amigo importante nessas viagens musicais tem sido o Guto Abadie. Ouvi dele uma frase que jamais sairá de minha cabeça: “como é bom ouvir música liberto”. Entendi perfeitamente que ele se referia ao ‘veneno’ que fazem beber nas igrejas quando nos dizem que não podemos ouvir coisas do mundo. E pensar que houve um tempo em que, influenciado por livros malditos (esses mereciam tal epíteto), eu quase queimei meus CDs do mundo. A Rebecca Brown[1] quase me dominou. Imagine, eu ficaria sem o excelente CD do Djavan, o Malásia. E sem a Paula Toller, seu primeiro disco e legalzinho de se ouvir. Mas, repito, a Dra. Brown não me venceu. Como a cautela foi maior, bastou pegar os CDs com um primo; deixei com ele antes de fazer o ritual de descarte dos demônios que atormentavam meu som. Ao contrário do que se podia imaginar, acrescentei mais diabinhos e o maior deles, desconfio, seja o Chico Buarque. Que ‘diabos’ fazem alguém ser tão unanimidade assim?
Pois, a frase do Guto faz todo sentido para mim. Assim é que saí desse dia com trilhas sonoras e com o nem tão midiático Dave Mathews Band. Nosso último encontro não me deixou com as mãos vazias. Loreena McKennitt (é a Irlanda em Nova Santa Rita) encabeça a lista que ainda contém Belle & Sebastian, Chat Baker, Miles Davis, Mercedes Sosa, The Cranberries e os gaudérios Vitor Ramil e Mauro Moraes. Quem tem esse privilégio de amigos tem riquezas que não há dinheiro para pagar. Tanto o Guto quanto a sua esposa, a filósofa Camila, ainda me abastecem de alguns empréstimos de livros. Sem contar o entusiasmo com que me falam de alguns experts: CS Lewis é um exemplo.
Outro amigo importante é o pastor Leandro. A cada encontro que temos, ele me presenteia com pérolas da música evangélica mundial. Com ele conheci Vineyard, Matt Redman, Tim Hudges, Lex Buckely, Scott Underwood, Eoghan Heaslip, David Ruis, entre tantos e tantos outros. Agora chegou a vez dos espanhóis, mais especificamente dos latinos. Jesus Adrian Romero tem sido, digamos, o cabeça-de-chave. Seus CDs e vídeos têm me emocionado. Relembro do Luiz Fontana, um outro pastor que, aliás, sempre me lembrou a importância desses latinos (foi quem pela primeira vez, há quase dez anos, me falou do Jesus Adrian e do Marcus Witt).
É por isso que não tenho escrito. Nada melhor que ficar curtindo minha pequena Maria Flor com os sons do mundo. Conversar com a minha Lu, fazer os serviços pesados de casa. Tudo vem ganhando um outro sabor com a música.
Meus poucos amigos são especiais. Não preciso do entrevero. Quero continuar nessa paz.
Tais amigos são de pouca fala e de mais ação. Ligam, escrevem, brigam, visitam. São bênçãos para mim.
Deus os pague.
[1] Prepare-se para a Guerra ainda está lá na minha estante, agora para dizer de um tempo que, espero, não voltará mais. Mas outros dessa ‘irmã’. Minha sanidade voltou quando li o ruim (muito ruim) Vaso para honra.
4 comentários:
Oi Levi!
Saudações Ulbranísticas, em tempos de crise...risos.
Gostei muito do teu texto, eu também ando "sem saco" de me expôr, argumentar, xafurdar ideológicamente.
Quem diria nós...
Outro dia conversei com uma psicologa que disse que escrever, pintarm desenhar...são necessidades.
E se, por momentos não sentimeos essa necessidade é por que estamos completos...por outras coisas.
No teu caso, a familia, a musica, os amigos...
É bom quando trocamos o manual pela prática...tem horas que é melhor filosofar na roda de amigos do que com o batuque solitário do teclado.
Abração!
Ah e um beijo na testa da Maria Flor...hehehe
Queridão! :)
Ratificaria tudo o que disse. Vcs são especiais.
Lilica, que saudade das tuas risadas.
Abração, continuem lendo-me
LNM
Opa levi! espero acrescer mais, com "Música" com qualidade! um super abração e fico muito contente por ver que tem aproveitado!
Fica Com Jesus!
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