Levi Nauter
Eu queria escrever sobre umas coisas que ando ouvindo desde a gravidez de minha mulher e que continua fazendo eco: as crenças populares sobre cuidados com bebês. Mas não é possível. Não por agora.
Acordei neste domingo frio e decidi (re)ouvir meu disco recém adquirido, Michael Jackson King of Pop – Brazilian Collection. Enquanto tomava café lembrei de outros artistas que eu admirava e que já não estão mais nesse mundão. Quem tomará seus lugares, assim como acontece na Academia de Letras. Ainda bem, no mundo da arte musical a coisa não funciona assim. É sabido que Justin Timberlake e o ‘batedor’ Chris Brown ficariam satisfeitos com a cadeira. Mas Jackson é Jackson.
O café estava bom, o mamão principalmente.
Contudo, o Michael levou-me ao início da minha carreirinha de pretendente a músico. Eu sonhava tocar guitarra como aquele cara que tocou em Rock With You. Ouvia, ouvia e nada. Eu estava longe disso. Ademais, que música na minha igreja tinha aquele ritmo todo? Desisti. Larguei a guitarra, instrumento que admiro até hoje. Fui para a bateria. Os tais hinos igrejeiros eram tão chatos. Treinar ao som do Michael era bem melhor. Um dia fui arrebatado. Escutara pela primeira vez Billie Jean. O batera era um relógio acompanhado daquele baixo; tudo era perfeito. No meio daquilo tudo, o que aparece? A guitarra. Era o céu. O hit Bad também me levava ao céu, mas era mais difícil, carecia de mais fé. Na verdade eu tinha de me concentrar para conseguir a agilidade necessária. Devia também esquecer o lindo vocal que teimava em tirar minha atenção do ritmo. Ao fim dessa música, meu “ufa!” era o “usbé”. Suado, jogava as baquetas no chão com muito gosto. Afeito ao ritmo, faltava-me familiarizar com contratempos – uma parte importante no embelezamento musical. Fui ouvir Don't Stop 'Til You Get Enough e The Way You Make Me Feel.
Crescido tive a fase, digamos, romântica. You Are Not Alone me fazia pensar na Lu – queri a repetir o que acontecia no clipe da música. Consegui!!! Casei.
Terminei o café.
Preciso dizer que o Michael Jackson era motivo de susto. Quando estava nas primeiras séries do ensino fundamental, um cara dublava o mega sucesso Thriller. Eu ficava impressionado com os passinhos, com aquele break. Junto com alguns colegas mais curiosos, íamos até o camarote improvisado, o refeitório. “O Michael ta lá, já chegou, eu vi” – dizia eufórico para os mais baixinhos. Gostei tanto que montei um grupo ‘breakdance’. Fiz sucesso em alguns recreios. Mas a vergonha, a timidez, me fez desistir.
Ele foi um marco na minha vida e na de muitas e muitas outras pessoas. Há um antes e um depois do Jackson. A arte musical e a cinematográfica nunca mais foi a mesma depois dele.
Ao longo de sua vida – também como nas nossas – houve páginas nebulosas, escuras. O importante foi que ele conseguiu tornar a maioria delas em arte. A nós, penso que cabe o conselho de São Paulo: reter o que é bom.
Para mim ele foi um baluarte profético. Afinal, vamos combinar, me diz se Thriller não possui uma dança profética? E o que é aquele canto de vitória que insiste em nos convocar, melodicamente feito em Heal The World?
Não me resta dúvida de que as canções que toquei no meu tempo de igreja tinham uma certa inspiração nesse negro divino.
Acordei neste domingo frio e decidi (re)ouvir meu disco recém adquirido, Michael Jackson King of Pop – Brazilian Collection. Enquanto tomava café lembrei de outros artistas que eu admirava e que já não estão mais nesse mundão. Quem tomará seus lugares, assim como acontece na Academia de Letras. Ainda bem, no mundo da arte musical a coisa não funciona assim. É sabido que Justin Timberlake e o ‘batedor’ Chris Brown ficariam satisfeitos com a cadeira. Mas Jackson é Jackson.
O café estava bom, o mamão principalmente.
Contudo, o Michael levou-me ao início da minha carreirinha de pretendente a músico. Eu sonhava tocar guitarra como aquele cara que tocou em Rock With You. Ouvia, ouvia e nada. Eu estava longe disso. Ademais, que música na minha igreja tinha aquele ritmo todo? Desisti. Larguei a guitarra, instrumento que admiro até hoje. Fui para a bateria. Os tais hinos igrejeiros eram tão chatos. Treinar ao som do Michael era bem melhor. Um dia fui arrebatado. Escutara pela primeira vez Billie Jean. O batera era um relógio acompanhado daquele baixo; tudo era perfeito. No meio daquilo tudo, o que aparece? A guitarra. Era o céu. O hit Bad também me levava ao céu, mas era mais difícil, carecia de mais fé. Na verdade eu tinha de me concentrar para conseguir a agilidade necessária. Devia também esquecer o lindo vocal que teimava em tirar minha atenção do ritmo. Ao fim dessa música, meu “ufa!” era o “usbé”. Suado, jogava as baquetas no chão com muito gosto. Afeito ao ritmo, faltava-me familiarizar com contratempos – uma parte importante no embelezamento musical. Fui ouvir Don't Stop 'Til You Get Enough e The Way You Make Me Feel.
Crescido tive a fase, digamos, romântica. You Are Not Alone me fazia pensar na Lu – queri a repetir o que acontecia no clipe da música. Consegui!!! Casei.
Terminei o café.
Preciso dizer que o Michael Jackson era motivo de susto. Quando estava nas primeiras séries do ensino fundamental, um cara dublava o mega sucesso Thriller. Eu ficava impressionado com os passinhos, com aquele break. Junto com alguns colegas mais curiosos, íamos até o camarote improvisado, o refeitório. “O Michael ta lá, já chegou, eu vi” – dizia eufórico para os mais baixinhos. Gostei tanto que montei um grupo ‘breakdance’. Fiz sucesso em alguns recreios. Mas a vergonha, a timidez, me fez desistir.
Ele foi um marco na minha vida e na de muitas e muitas outras pessoas. Há um antes e um depois do Jackson. A arte musical e a cinematográfica nunca mais foi a mesma depois dele.
Ao longo de sua vida – também como nas nossas – houve páginas nebulosas, escuras. O importante foi que ele conseguiu tornar a maioria delas em arte. A nós, penso que cabe o conselho de São Paulo: reter o que é bom.
Para mim ele foi um baluarte profético. Afinal, vamos combinar, me diz se Thriller não possui uma dança profética? E o que é aquele canto de vitória que insiste em nos convocar, melodicamente feito em Heal The World?
Não me resta dúvida de que as canções que toquei no meu tempo de igreja tinham uma certa inspiração nesse negro divino.
Menos mal que ainda temos a rainha do pop, vivinha da Silva. Mas dela falemos noutro dia.
2 comentários:
Oi Levy!
Assino embaixo de "Baluarte Profético". Li na Folha, que alguém escreveu "um gênio em movimento, de alma delicada". É bem por ai...
No mínimo nos sentimos nostálgicos, tristes, pensativos...
Michael vai fazer falta...
Querida Lilica,
Que saudades!!!
É sempre bom ler-te.
Beijos e abraços,
Levi Nauter
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