A preocupação com a eloqüência e a necessidade de mostrar talento tirou o sangue de muitos! Sêneca
Ontem tive a maior experiência da minha vida. Vi a criança que nascerá a partir do final de abril dando cambalhotas. Segundo o médico, possivelmente será uma menina, a Maria Flor. Foi lindamente emocionante. Os bracinhos, as perninhas, a cabeça, sobretudo o nariz. Lindai! O médico tocava na barriga a fim de um ângulo melhor, a Flor dava uma espécie de pulinho ou fazia uma cambalhota. Nós, pais, abobalhados, emocionados, assistíamos. O coração a mil: 170 batimentos por minuto, parecia um temporal.
Que presente de Deus! Que Deus perfeito, sabe direitinho como emocionar a gente. Ver aquele pequeno ser foi para mim um deslumbre da glória divina. Aproximadamente doze centímetros fazendo a nossa felicidade.
Não havia nenhuma cambalhota de mais. Ela não disse uma palavra. O momento foi simples e singelo. Nada de eloqüência. Apenas pulinhos, apenas brincadeira, apenas a celebração da vida.
Embasbacado, lembrei do Drummondii:
“Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
(...)
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.”
Saimos do consultório felizes, rindo e chorando. Somos três: eu, a Lu e, ao que tudo indica, a Maria Flor.
Duas flores da minha vida.
iAté confirmação contrária, utilizarei o gênero feminino. Afinal, há mais probabilidade de eu errar do que um médico acostumado com ecografias cometer tal gafe – ainda que não se possa descartar.
iiOs trechos selecionados são da poesia Diante de uma criança, do mestre Carlos Drummond de Andrade. Da obra Poesia Completa – conforme as disposições do autor, publicada pela Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro – em 2002, numa parceria com a Bradesco Seguros.
FOTO: da minha amada Lu de Mira.
3 comentários:
Querido Levi,
obrigada por dividir este momento conosco... :)
Saudades de vcs.
Com amor,
Camila, Gustavo e Chloe.
Toda vez que entro aqui, me emociono com os relatos de vocês. Coisas da vida, literalmente!
Desta vez, em vez de abraço mando uma cambalhota para os pais da Flor!
Parabéns Levi, os momentos mais felizes para mim, foi (e é) ser pai. Sei como está se sentindo. Deus te abençõe!
Sou leitor assíduo de seus textos
Abraços
Cristian Almeida (Titi)
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