14 ANOS

Levi Nauter

Acabo de completar catorze anos de casado. As palavras me fogem ao tentar explicar a emoção. Construímos uma história maravilhosa, juntos. Temos feito um esforço tranquilo para sermos uma só carne. E tal união foi tão saudável a nós que daqui a, aproximadamente, um mês nos partiremos. Continuaremos uma só carne. Mas o pedaço mais singelo, mais lindo de nós dois e de maior alegria virá ao mundo. Ah, Maria Flor, como te aguardamos!!!


Com a Lu, eu repito o poeta Gonzaguinha: “começaria tudo outra vez...”


Começaria tudo outra vez, se preciso fosse meu amor.
A chama em meu peito ainda queima, saiba, nada foi em vão,
A cuba-libre da coragem em minhas mãos,
A dama de lilás me machucando o coração,
Na sede de sentir seu corpo inteiro coladinho ao meu.

E então eu cantaria a noite inteira,

Como já cantei , eu cantarei

As coisas todas que já tive, tenho e sei que um dia terei.

A fé no que virá e a alegria de poder olhar pra trás
E ver que voltaria com você,
De novo, a viver nesse imenso salão.

Ao som desse bolero, a vida, vamos nós
E não estamos sós, veja meu bem,
A orquestra nos espera, por favor
Mais uma vez, recomeçar...



Meu amor, eu te amo!














VIDEO 4 - john mayer

Levi Nauter


Graças aos bons amigos que tenho, possuo um bom acervo de músicas. Elas me confortam em muitos momentos de correria docente, bem como nos afazeres de casa.

Acabo de adquirir um DVD espetacular. O vídeo, a seguir, é uma prévia daquilo que se encontra em outros registros de um guri 'fera'. Ah, se eu tocasse metade do que esse cabra toca no violão...

Ouçam, John Mayer, em 2005:




o que é ser fundamentalista?

Levi Nauter


Com a palavra, Rubem Alves:


"O fundamentalista é o homem consistente, incapaz de jogar uma pitada de humor sobre si mesmo"

Rubem Alves



em O enigma da religião, 3.ed., Papirus, 1984, pág. 11.

VÍDEO 3 - Brian Doerksen

Mais um grande músico que gosto de ouvir.

O cara é compositor de grandes sucessos, além de ter lançado algumas cantoras não menos interessantes.

Essa música eu quase furo: Refiner's Fire.





VIDEO 2 - Sixpence...

Levi Nauter



Que voz!
Sou um grande fã desse pessoal. Há alguns dias, graças a amigos preciosos, consegui cinco trabalhos dos caras.
Viva Sixpence...
Viva Pato Fu


FALA MESTRE 2

CARTAS A CRISTINA – continuação


O testemunho que nos deram foi sempre o da compreensão, jamais o da intolerância. Católica ela, espírita ele, respeitaram-se em suas opções. Com eles aprendi, desde cedo, o diálogo. Nunca me senti temeroso ao perguntar e não me lembro de haver sido punido ou simplesmente advertido por discordar.


Paulo Freire


Paulo Freire, ao se referir aos pais. O trecho está na pág. 55 de:RTAS A CRISTINA – continuação

Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. Direção, organização e notas Ana Maria Araújo Freire. 2.ed.rev. São Paulo: Editora UNESP, 2003. [Série Paulo Freire]


FALA MESTRE

Sou um grande fã do educador Paulo Freire. A série de postagens sob o título FALA MESTRE será sempre um trecho selecionado. Como esse:
"O que me interessa não é que meus filhos e minhas filhas nos imitem como pai e mãe, mas, refletindo sobre nossas marcas, dêem sentido à sua presença no mundo. Testemunhar-lhes a coerência entre o que prego e o que faço, entre o sonho de que falo e a minha prática, entre a fé que professo e as ações em que me envolvo é a maneira autêntica de, educando-me com eles e com elas, educá-los numa perspectiva ética e democrática.
Na verdade, como posso “convidar” meus filhos e filhas a respeitar meu testemunho religioso se, dizendo-me cristão e seguindo os rituais da igreja, discrimino os negros, pago mal à cozinheira e o trato com distância? Como posso, por outro lado, conciliar a minha fala em favor da democracia com os procedimentos anteriormente referidos?
Como posso convencer meus filhos de que respeito o seu direito de dizer a palavra se revelo mal-estar à análise mais crítica de um deles que embora criança ainda, ensaia, legitimamente, sua liberdade de expressar-se? Que exemplo de seriedade dou às crianças se peço a quem atende ao telefone que chama que, se for para mim, diga que não estou?
Este esforço, porém, em favor da coerência, da retidão, não pode resvalar, sequer minimamente, para posições farisaicas. Devemos buscar, humildemente e com trabalho, a pureza, jamais nos deixando envolver em práticas ou assumindo atitudes puritanas. Moral, sim, moralismo, não."
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

louvorzão

Minha colega de trabalho, bióloga e especialista em educação, Elisangela Teixeira deu-me um belo presente: um disco com uma seleção de músicas da inesquecível conterrânea Elis Regina – entre outras pérolas da música brasileira e internacional.

Das músicas que não me saem da cabeça está a simplesmente maravilhoooooooooooosa “Querelas do Brasil”. Há algum tempo venho ouvindo muitíssima música brasileira. Mas não brasileira apenas no ritmo, senão, sobretudo, em seu conteúdo. E essa a que me referi é simplesmente espetacular. Claro que os autores fazem a diferença. Agora, a interpretação da Elis está impecável. Aqui é possível perceber os porquês dela ser considerada uma das melhores cantoras que este país já teve. Note-se, por exemplo, suas nuances vocais ao diferençar Brazil de Brasil.

Fico imaginando se nossas “irmãs” quisessem imitá-la um pouquinho. Como melhoraríamos a arte do “louvor e da adoração”. Ah, se nossas 'valadonas' aprendessem um pouco mais sobre o riso na hora de cantar e um pouco menos de chororô...

A fim de melhorar a audição do vídeo, resolvi 'colar' a letra. Ainda bem, que em termos de letra/poesia com conteúdo já temos alguns 'iluminados' como João Alexandre, Jorge Camargo, Stênio Marcius, entre tantos e tantos outros. Esses, porém, ao contrário do que deveria ser, estão escondidos da 'grande mídia eclesial'. Talvez o bom disso é que eles não precisam vender-se.

Mas ainda falta a ousadia dessa gaudéria nos templos. A riqueza de sua interpretação. Falta, acima de tudo, um cristianismo que além de criativo seja, de fato, com a nossa cara, com o nosso cheiro; que cante as nossas conquistas e reflita sobre as nossas mazelas. Assim como a “Querelas...”, abaixo:

QUERELAS DO BRASIL

Composição: Maurício Tapajós, Aldir Blanc

Interpretação: Elis Regina



O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde
Piau, ururau, aqui, ataúde
Piá, carioca, porecramecrã
Jobim akarore Jobim-açu
Oh, oh, oh

Pererê, câmara, tororó, olererê
Piriri, ratatá, karatê, olará

O Brazil não merece o Brasil
O Brazil ta matando o Brasil
Jereba, saci, caandrades
Cunhãs, ariranha, aranha
Sertões, Guimarães, bachianas, águas
E Marionaíma, ariraribóia,
Na aura das mãos do Jobim-açu
Oh, oh, oh

Jererê, sarará, cururu, olerê
Blablablá, bafafá, sururu, olará

Do Brasil, SoS ao Brasil
Do Brasil, SoS ao Brasil
Do Brasil, SoS ao Brasil

Tinhorão, urutu, sucuri
O Jobim, sabiá, bem-te-vi
Cabuçu, Cordovil, Caxambi, olerê
Madureira, Olaria e Bangu, Olará
Cascadura, Água Santa, Acari, Olerê
Ipanema e Nova Iguaçu, Olará
Do Brasil, SoS ao Brasil
Do Brasil, SoS ao Brasil


Não deixe de assistir ao vídeo. Uma obra de 1980.






A CABANA – minhas impressões

Levi Nauter
Acabo de ler o já famigerado livro de William P. Young. Quase bati meu próprio recorde de leitura, provavelmente em razão de dias de puro descanso nessa última semana de férias.

Como primeiras palavras, digo que gostei da capa. Na medida em que vamos lendo a obra, a figura ilustrativa vai como que tomando corpo, significado. Ainda na capa, lê-se o nome da editora, Sextante; e uma categoria literária: ficção. Isso levou-me a alguns pensamentos: (1) já está se cumprindo o texto que profetizava sobre as pedras clamarem em nosso lugar (Lc 19.40), (2) ainda carecemos de alertas para não confundirmos verossimilhança com semelhança. Ah, se lêssemos mais romances...

É pena que nenhuma editora cristã tenha devidamente apostado nesse livro. Pontos para a Sextante que antevê um cristianismo com arte; que propagará um evangelho mais pós-moderno – mesmo com resvalos na tradição. No entanto, uma leitura um pouco mais atenta justificará o desinteresse das editoras confessionais, por exemplo a página 208. ou seja, ainda temos uma caminhada até chegarmos ao ponto de termos paz pré e pós leitura de um romance, de uma ficção.

Em se tratando d’A Cabana mesmo, acho que criei uma expectativa maior do que devia. Minhas emoções não tiveram o mesmo ápice de outros/as leitores/as.

A obra é bem escrita. Um texto que cativa. Nitidamente um quase roteiro de cinema. Nalguns momentos sentia como se uma câmera de vídeo estivesse com o zoom ‘ligado’, tal a riqueza de detalhes de cena. Porém, noutros momentos seria melhor o ‘microfone’ estar desligado.

Incomodou-me a nomenclatura dada à Trindade, embora um pouco compreensiva pelo contexto do enredo. Ele era Ela que depois (re)tomou sua ‘macheza’, e, assim, continuamos no gênero-mor. Num momento inicial o evangelho transcende a igreja para, depois, voltar ao molde de sempre. Algumas frases de efeito também apareceram (resposta certa x resposta viva). Não faltou o momento fantástico, característica que me atrai, sobretudo na literatura latino-americana. Mas o momento Chico Xavier foi duro de engolir (capítulos 11 e 16).

Eu recomendo a leitura até como contraponto às minhas impressões. Recomendo porque traz uma visão inovadora do que seja Deus. O Espírito Santo tem um bom papel e não fica só como uma espécie de auxiliar de serviços gerais no céu. Céu? Aquele cenário não é o céu.

Mas tenho medos. Não me surpreenderá se houver a publicação de um A Cabana 2, característica comum na arte norte-americana. Igualmente não será novidade se algum “iluminado” resolver escrever um livro com as ‘receitas para viver bem’ segundo A Cabana. Tampouco ignoro a possibilidade de encontrar um ‘A Cabana com propósitos’. Mais ainda: fico imaginando o estrago de uma obra dessas se cair nas mãos daqueles leitores que fazem da verossimilhança uma realidade. Basta lembrarmos dos devoradores do Frank Peretti ou da série apocalíptica do Tim LaHaye. O Apocalipse passou a ser desses autores e não de João. O evangelho agora é de quem? Seria de Jesus?

Por outro lado, admiro a ousadia de se grafar na própria obra que ela é assombrosa e tem uma qualidade literária, em vez de deixar essa tarefa aos leitores. Esta, parece-me, seria a melhor forma.

Quanto à proposta que o livro faz para ser adquirido e doado, eu faria isso com uma edição de bolso cujas páginas internas fossem do tipo jornal e com um acabamento mais simples. Dito de outra forma, cumpriria o pedido se me saísse mais barato.

Ah, o impacto deste texto visa ser estimulante, apesar de nenhuma qualidade literária.
Sinta-se estimulado a ler A Cabana. Ainda que eu não seja Michael W. Smith, nem Ricardo Gondim e muito menos o Gerson Borges, fica a sugestão.

[GRAVIDADE: enquanto a Florzinha não vem ] – lnm







Levi Nauter












Não são todas as pessoas que gostam de esperar. Esperar exige paciência e constante aprendizado. Mesmo à força, é na espera que aprendemos a nos distrair com outras ocupações; fazer daquilo que parece ócio um ato criativo. Neste exato momento, lembrei do Max Lucado – autor que já admirei (mais seu jeito de escrever que sua ideologia). No seu livro “Quando Cristo voltar: o começo da melhor parte”[1] ele trata de como deveria ser a espera da vinda de Cristo citando o próprio Jesus: “não se turbe o vosso coração”. Dependendo de como se espera o encontro poderá ser bom ou ruim[2]. Na espera criamos expectativas.

Há sete meses estou na espera da melhor parte de mim, a Maria Flor. Tais momentos são permeados de preocupações de pai mas, e sobretudo, de muita alegria. Não há como descrever as cenas nas quais beijo a barriga da Lu e ela (a Flor) começa a pular ‘loucamente’. Quando insisto em ficar com meus lábios sobre a barriga, a Flor parece acariciar-me com suas ‘mexidas’. Ela é muito especial. Ela transcende a tudo. Mal posso esperar a hora de beijá-la no rostinho, de dizer o quanto a amo e o tanto que ela foi querida por nós pais. A Lu está tão eufórica quanto eu.

Temos buscado ocupar nosso tempo lendo sobre como lidar com os pequenos. Também sobre como decorar o quarto da pequena. E enquanto ela não vem, estamos fazendo de tudo. A Lu vem se mostrando uma bela pintora-decoradora. Eu auxilio na pintura, dou alguns pitacos e ataco de costureiro. Oh, aventura!
Esperamos que ela goste dos mimos.
Para que vocês tenham uma idéia, eis algumas fotos.





[1] Publicação da CPAD.
[2] Em termos de vinda de Cristo, por anos eu preferi que Ele não voltasse. Primeiro queria casar; depois quis ter uma casa própria e – vejam só – por fim, desejava ter um bebê. Meu ciclo parece estar se concluindo. Com a maturidade, penso que sim – agora se aproxima o começo da melhor parte. Serei salvo por pura misericórdia. Por pura graça.






NOTA



Soundtrack “Possibilities”, do CD Overtime, do excelente Lee Ritenour.

em férias

Até dia 18-02-09 estarei curtindo minhas férias e os últimos preparativos para a chegada da melhor produção da minha vida: a Maria Flor.
Eventualmente postarei alguma coisa.
Enquanto isso, preparo-me para um novo projeto de escrita eletrônica. Um desafio que, em tempo oportuno, contribuirá para a reflexão cristã.
Até mais,
LNM

desgraceira pentecostal

Levi Nauter


Veja irmãos o lugar que eu andei
Falo do anjo que eu pude contemplar
Ele é lindo, estreito e maravilhoso
E o nome do lugar é Labassurionderrah

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

Veja irmãos, que eu ainda vou falar
Deste anjo que eu pude contemplar
Ele tem as vestes brancas, olhos de fogo, meus irmãos
Só lhes falo do que pude contemplar

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

Veja irmãos, que eu ainda vou falar
Deste anjo que eu pude contemplar
Ele é alto, e o cabelo encaracolado, meus irmãos
Só te falo do que eu pude contemplar

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

Veja irmãos o que eu ainda vou falar
Deste anjo que eu pude contemplar
Ele é lindo, estreito e maravilhoso
E o nome deste anjo é Labassurionder...

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar



PARA OUVIR A PÉROLA: http://www.mp3tube.net/br/musics/Graca-Ramalho-Labassurionderra/64466/

[mensagem subliminar]- lnm

Levi Nauter


Não sei se, como diz o provérbio,
as coisas repetidas agradam, mas creio que, pelo menos, elas significam.
Roland Barthes



Ainda estão bem vivas na minha memória as reuniões de que participei visando ao aperfeiçoamento da minha pequena carreira musical-evangélica. Isso denuncia que estou pendendo mais para a velhice. A paternidade precoce (bem antes de termos a Maria Flor eu já me sentia como uma espécie de futuro pai) parece ter jogado alguns anos a mais na minha idade. Gosto da idade que tenho, ela me deu muita história para contar.

Eu dizia das reuniões de aperfeiçoamento musical. Já li muito a respeito. Confesso que agora ando desatualizado, as publicações são mais rápidas que minha capacidade leitora. Ademais, também como reflexo da idade, tornei-me exigente e poucas obras responderam aos meus questionamentos. Tenho optado por ler autores não cristãos e mais “abrasileirados”: José Ramos Tinhorão, Paulo Tatit, José M. Wisnik, são alguns exemplos. Com estes, caminho mais perto do que chamo de arte. Seria um desaforo, contudo, não citar os cristãos que também veem a música como arte. O perfeccionista Michael Card, bem como o Rory Noland – para ficar em dois. Tais nomes recém citados nunca foram objetos de reflexão nesses encontros de adoração e louvor – nem como referenciais, nem como contraponto. Como perdemos artística, intelectual e espiritualmente.

Fui enfarado, no entanto, com um tema: as mensagens subliminares. Sobre elas quero falar e propor algumas perguntas. Se alguém quiser respondê-las, sinta-se à vontade.

Era um domingo. Quatorze horas. Sol escaldante. O templo estava repleto de instrumentistas e vocalistas (para mim ambos são músicos e podem ser muito bons ou muito ruins no que fazem; a disparidade, tanto de técnica quanto de talento, pode desqualificar um ou outro). No que se chamava de púlpito, um toca-discos; ao lado, uma mesa repleta de ‘vinis’ (outro reflexo da minha idade: na época não havia o CD). Lá via-se Rebanhão, Roberto Carlos, Alceu Valença e eles, os Menudos. É interessante notar que não fazia parte dos vinis a serem ‘auditados’ os considerados sacros ou santos da época: Otoniel e Oziel, Matheus Iensen, Curió e Canarinho, entre outros. O que merecia a desconfiança eram os ‘roqueiros cristãos’. Desconfio que pouca coisa mudou.

Começou a reunião, obviamente chamada de ‘culto de louvor’. O responsável explicou as razões de um evento especial como aquele: “tomar cuidado com o que estamos escutando em casa, no carro e/ou no trabalho”. Disse que mensagem subliminar era, naquele contexto, o que se ouvia quando um vinil rodava no sentido anti-horário. Enquanto ele falava, outra pessoa ficava preparando o toca-discos. A plateia, apreensiva, nem piscava tal o apavoramento que a fala inicial causara. Todos queriam saber o que ocorria quando alguém – sem mais nem menos – decidia rodar um disco no sentido contrário.

Muita coisa eu não lembro (a mente é sábia). Não recordo o que dizia o LP do Rebanhão ao contrário, nem faço esforço para tanto. Basta-me lembrar da sempre atual “eu quero voltar ao primeiro amor”. Do Roberto Carlos foi escolhida “a guerra dos meninos” (Hoje eu tive um sonho, foi o mais bonito; que eu sonhei em toda a minha vida...). Do Alceu Valença escolheram “tu vens” (Na bruma leve das paixões que vem de dentro; tu vens chegando pra brincar no meu quintal). Diabolizaram terrivelmente cada uma dessas músicas, além de seus intérpretes e compositores, claro. Já não me vem a mente o conteúdo subliminar.

Para minha tristeza, a música que me fazia ter sucesso entre as gurias foi uma das escolhidas. No recreio, meu jeito de divertir era cantando “não se reprima”, dos Menudos. Pois a mensagem subliminar era “satanás vive”, em vez de “não se reprima”. Meu mundo desabou. O que eu faria para continuar ‘encantando’? Ficava conjeturando sobre o que estaria por trás de uma outra música dos costarriquenhos: “quando o sol nascer será a hora/ triste mais eu tenho que partir..”. Arranjei outra saída. Comecei a canta “wisky a gogo”. Esta não constava do casting das diabólicas. Vai ver a música não louvava o diabo ou, de tão boa, ninguém queria arriscar saber o que estava nas entrelinhas.

Os tempos são outros. Claro que ainda há os caçadores de coisas ruins, mas eles estão mais escassos. Os desenhos animados, até bem pouco tempo, eram o alvo. Ninguém parou de ver desenhos – ainda bem. Então os tais apelaram para a diabolização das logotipias. Lembro de certa vez, quando fiz campanha aberta ao PT. Alguém me disse: “notaste que o “v” da vitória, colocando-s um risco em baixo, torna-se um triângulo e o triângulo tem a ver com a Nova Era?”. Depois foi a vez de algumas marcas: “você sabia que o estilista tal e o marqueteiro fulano fizeram pacto com o capeta?”.

Agora eu decidi caçar os ungidos. Na verdade, tenho coisa mais útil a fazer, não sem antes refletir sobre o que se imagina não ter um discurso de entrelinhas. Pois aí está: em tudo há – aceitemos ou não – um discurso.

Outro dia liguei a TV e um pastor, que jura ser possível semear fogo, estava dublando uma música dita cristã. Não consigo achar digna de meu canto uma canção que faz de Deus um escravo. O cabra cantava “restitui, eu quero de volta o que é meu...”. Que deusinho, não?

Outro programa de TV propagandeou um cantor bela pinta, que chora no palco, toca violão e que, por sorte, faz poucas versões. Ele canta a seguinte música:

Se atentamente ouvir a Deus
E os mandamentos seus
Obedecer
O Senhor meu Deus me exaltará
Sobre todas as nações onde eu passar
Eu não correrei atrás de bênçãos
Sei que elas vão me alcançar
Onde eu colocar a planta dos meus pés
Sei que a sua benção chegará


Notemos a mensagem subliminar. Com um detalhe: não é necessário nem rodar o CD ao contrário. Basta retornar ao trecho acima e ler apenas o que está em itálico. Ou seja, “Se atentamente ouvir a Deus e obedecer / o Senhor meu Deus me exaltará/ Eu não correrei atrás de bênçãos elas vão me alcançar / Onde eu colocar dos meus pés / a benção chegará”.

A música – cantada em momentos de êxtase – parece inofensiva. Mal percebemos a condicional inicial: se. A música começa com o “se”. dito de outra forma, Deus tornou-se aqui um mero recompensador: se fizer isso, ganhará aquilo. Essa é a pior visão divina possível. Deus não é assim. Qualquer música que repasse uma visão dessas está trabalhando contra o Reino. A sorte de pessoas que compõem isso é a acriticidade da grande massa consumidora. É preciso registrar que a música promete outra falácia, que só bênçãos nos chegará. Engraçado que Cristo diz que no mundo teríamos aflições.

Por que não se questionam músicas de auto-ajuda que estão sendo cantadas por aí? Por que não nos engajamos numa campanha com a finalidade de parar de adquirir produtos com esses conteúdos? Por que não mais criticidade – por exemplo, não chamar isso de arte? Que tal ouvirmos mais músicas ‘do mundo’ a essas coisas que andam rodando e dando lucro ($), bênçãos, só para eles?

Quem tem ouvidos (e coragem) que ouça.

férias 2009

Levi Nauter



Essa é a época que, em geral, os professores têm um pouco de descanso dos afazeres cotidianos – que, é bom dizer, ultrapassam os dias ou as horas de efetivo trabalho. É necessário fazer outras coisas, distrair-se, brincar e viver intensamente cada minuto das férias escolares.
Particularmente, vou descansar mesmo só em fevereiro. Até lá muito trabalho nas escolas e em casa. Mas o único lugar em que vou acelerar será em casa. Tudo para curtir todos os momentos da gravidez da Lu.

Assim, meus blogs estarão devagar. Certamente vou continuar escrevendo. Há textos que inicio e não termino. São os meus abacaxis de verão. Tenho um texto, por exemplo, sobre igreja que há dois anos nos enfrentamos. Ele tem vencido a batalha. Há muito para arrumar.
Postarei textos com mais vagar que o normal. Permitam-me viver.

Mas, como o humano é contraditório, pode ser que justamente agora eu me empolgue e acabe por postar muito mais. Não sei.
Veremos.


Enquanto isso, FELIZ 2009 a todos os leitores.

feliz natal

[desintoxicação 2 – sugestão de leitura] – levi nauter

Levi Nauter







Demorei quatro dias para ler e 'comer' o e-book “Neuroses eclesiásticas...1. Este livreto (chamo-o assim pelo tamanho e não pelo conteúdo) é do pastor, professor e teólogo Karl Kepler. Eu odeio títulos; no entanto, aqui parece-me importante frizar a atuação e a formação do autor para indiretamente dizer da boa fundamentação do livro. Ou seja, a obra baseia-se na prédica e na prática, na experiência que advém da leitura teórica, calcada na mesma experiência que vem da leitura do mundo, do estar vivo. Das interações entre esses processos.

Sou um leitor chato, bem chato. Sempre que leio algum livro ou alguma obra2 fico como que 'no pé' do autor ou do narrador a fim de verificar sua coerência ao longo do que está sendo dito. Desta forma, rabisco, faço anotações, consulto dicionários, brigo ou me emociono com o texto. Não faço isso pelo mero prazer de captar erros ortográficos ou contradições sutis, mas porque assim cresço; assim é que leio as entrelinhas, o por trás das palavras – o que eventualmente está para ser desvelado.

O que me atrai num livro que pretende ser obra é a humildade que vai aparecendo no decorrer do texto. Karl começa agradecendo “às várias pessoas que contribuíram para este esforço de auto-exame...”, isto é, uma obra escrita nunca é solitária e sim fruto de coletividade(s) . Em seguida, na pág. 2, deixa claro que “...tem a esperança de ajudar-nos...”; não há, portanto, promessas mas intenções. Já no corpo do livro – propriamente dito – ele reconhece: “minha capacidade é bastante limitada” (p. 3). Acho importante esses reconhecimentos porque eles dizem muito da prepotência ou não do autor. Incomoda-me um livro que propõe a descoberta da roda, ou aqueles que afirmam que, após a leitura, 'sua vida não será mais a mesma' e, no entanto, lemos e continuamos os mesmos. A humildade chega mais perto do leitor e por isso impactua, sem dizer. Ela também aceita o contraponto, o diálogo e não o monólogo.

Continuando, Neuroses Eclesiásticas... subdivide-se em dois tópicos: I- as más notícias e II- as notícias boas. Na primeira parte é feita uma espécie de foto áerea da igreja, com algumas tomadas de imagens de eventos importantes do momento de culto no templo (como, por exemplo, a pregação, o louvor e a adoração). Por que existe essa avalanche de más notícias? Karl propõe um “diagnóstico tentativo” que nos leva ao medo. Medo de Deus. Em algum ponto da nossa caminhada cristã houve uma confusão entre temer e ter medo. Ficamos com a última hipótese. Ocorre que muitos não admitem esse medo. Preferem crer que têm o temor com tremor. Mas a experiência clínica de Karl (que é psicólogo) termina por nos desvelar quem somos – mesmo que não admitamos.

A segunda parte da obra é um alento para os que já perderam ou estão prestes a perder a esperança com a igreja. É uma ode aos cansados de igreja, um alívio aos que vêm martelando suas consciências por títulos (como os de 'desviados') empregados pela teologia do medo. Fica claro que a obra é de crente pra crente. No entanto, esse alívio e essa ode não vêm em forma de apologia para que se abandone essa ou aquela denominação cristã. Vêm para que, ao contrário, se tenha uma transcendência a todo tipo de nomenclatura e se vá mais fundo na ponderação de tudo aquilo que nos ensinaram, ensinam ou ensinarão a respeito do que seja servir a Deus. Aliás, servimos ou somos filhos de Deus? - essa questão está lá posta (p. 20).


Merece destaque a exposição que o autor se faz nas páginas. Não se exclui das dúvidas, nem sonega do leitor as descobertas pelas quais foi passando, o que nos impulsiona, se não pelo conteúdo teológico, pela curiosidade de saber aonde ele foi parar. Desmitifica (e desmistifica) assuntos superficialmente ou vesgamente tratados em algumas igrejas evangélicas – sobretudo as neopentecostais (a santificação me parece o exemplo mais significativo).

Uma obra que merece ser lida porque faz um severo e claro exame da nossa condição de cristãos na contemporaneidade. Leiamos:

As pessoas de fora da igreja consideram o crente como 'aquele que não faz isso, não participa daquilo, não prova daquiloutro', ou seja, uma identidade negativa. O crente é visto como um ótimo funcionário, bom trabalhador, mas péssimo para se conviver, sem disposição de se sociabilizar” (p. 5)


Ao criticar a hierarquia (que algumas igrejas, pelo menos aqui no Sul, chamam de autoridade) eclesial o autor nos informa que o efeito é ampliar “no cristão comum, aquele sentimento de pequenez, de incapacidade própria”(p. 6). Eu diria, ampliando, que esse efeito se estende aos meandros da nossa atuação na sociedade, temos medo de nos expor. Então, “comportamo-nos como crianças com medo de se arriscar: melhor não se envolver com essas coisas...” (p. 10).

Há uma denúncia contundente na obra que merece destaque – até porque sou parte dessa estatística:

...muitos, na busca por um crescimento e amadurecimento (que equivale a dizer na busca de mais verdade), tiveram de sair da igreja, pois não podiam ser verdadeiros e maduros lá dentro. Triste situação, mas infelizmente cada vez mais comum...” (p. 16)


É bom que se diga que tal denúncia não vem solta, sem contexto. Ademais, o autor friza seu descontentamento no mesmo momento em que denuncia. E, prosseguindo com a leitura, vamos notar que parece existir um situação na qual a melhor saída (ainda que provisória) será dar uma espécie de tempo. Afinal, a hierarquia eclesial dificilmente não atrela questionamentos e indagações com rebeldia. E, paradoxalmente, nosso sentimento de pequenez está mais ante a figura de um pastor, por exemplo, do que com Deus. Isto significa dizer que sabemos (ainda que de maneira superficial ou sem muita certeza) que Deus não nos abandona; já a pastorada...

Parece-me que nesse contexto fica ótima a (re)lembrança que o autor nos faz: “Deus é seu Pai, não seu dono ou empregador”. E mais: “só podemos brigar com alguém próximo com certeza de não sermos expulsos de sua convivência se sentirmos que o vínculo está garantido, que há de fato amor” (p. 21).

É extremamente importante encontrar obras como essa. Para quem, como eu, está passando por um período de desintoxicação religiosa, nada mais prazeroso, confortante e alentador sabermo-nos todos, sem exceção, pecadores, carentes da graça e da misericórdia de Deus. Isso são boas-novas. Infelizmente as mensagens dos domingos em muitas igrejas são como o Domingão do Faustão, cheias de atrações que servem para pouca coisa.

Meu domingo ficou muito melhor enquanto lia Neuroses Eclesiásticas e, depois, quando ouvi a bela voz da também bela Céu cantando a música '10 contados' (composição da própria cantora junto com Alec Haiat). Parecia Deus fechando o dia com chave de ouro, dizendo que tudo estava sob controle. Observemos a letra da música:


Meu amor não se atrase na volta não
Meu amor não, não, não
Meu amor não se atrase na volta não
Meu amor, meu amor, meu amor, quem mandou?

Mandei uma mensagem a jato às entidades do tempo
Já me foi verificado que nem mesmo haverá segundos
Que os minutos foram reavaliados e que pra cada suspiro serão 10 contados


É, há tempo pra tudo – como já nos adiantava o sábio em Eclesiastes 3.1-8.




Para quem quiser ouvir a música

http://www.youtube.com/watch?v=W9-skxDQvqk




notas

1Disponível em http://www.cppc.org.br/textos/Neuroses Eclesiasticas.pdf

2Esse é um tópico muito pessoal, não sei se existe teoria a respeito. Como não fico preso a essa burocracia acadêmica, fiz minha própria opção. LIVRO é aquilo que está publicado (no papel ou na internet, por exemplo) e tem alguma intenção junto ao leitor. OBRA é igualmente isso, o diferencial é ter a capacidade de perpetuar-se devido ao conteúdo que aborda, a forma como expõe tal matéria e/ou as implicações que provoca no leitor/leitora. Portanto, exclusivamente neste aspecto, nem todo livro será obra, mas toda obra será um livro. É um conceito de leigo, mas que – para mim – vem funcionando. Considero-me chato porque opto por continuar a leitura de obras.

A ficção não se encaixa nesse parâmetro, uma vez que considero que arte é arte – não tem compromisso de mudar nada. Apenas representa, sugere, mostra, questiona, apanha. Na arte a estética me parece mais importante. Mas, apesar de tudo, não consigo descartar uma ideologia. Para mim, não existe obra (livro, arte etc) neutra.



GRAVIDADE 6 - agora sim


Levi Nauter


(...)Fecha os zóio e drome,
Minina, minininha,
A noite assa bolo,

No forno da cozinha.

Drome, minininha,
Papai num tá aqui,
Enfeita a noite preta
Com zóio de rubi.

Drome, minininha,
Mamãe foi trabaiá,
Lavá a noite suja.
Com as água do luá.
...
Sossega, minininha,
Sossega, tá na hora,
Logo vão se abri
Os zóio da Orora.

Sérgio Capparelli



Doze de doze, de dois mil e oito. Treze horas. Estávamos ansiosos. A Lu gelada; eu, quente. Pensamos nas dificuldades existentes no mundo infantil. Nossos trabalhos docentes em escolas com educação infantil deixam-nos frente a frente com as mazelas humanas. Mas também de cara com as virtudes da meninada que se sobressai a todos os problemas. Talvez por isso o conselho de Cristo a que sejamos como criança.

E nós lá, cheios de emoção. Nossos olhos lacrimejavam; nossas mãos entrelaçadas unia nosso espírito e fortificava nossa esperança num Deus que é perfeito.

Incrível como – nessas horas – cinco minutos parecem uma eternidade.

Chegamos na sala. Aparelhos ligados, médico colocado. Começa a ecografia.


A criança não pára com as cambalhotas. Ergue as mãozinhas, os pezinhos, boceja e até soluça. Mede aproximadamente 26 centímetros e tem um peso enorme: 400 gramas. O coração é potente, os ossos estão nos seus devidos lugares. Tudo está bem.

Com essas primeiras informações o pai e a mãe, marinheiros de primeira viagem, estavam derretidos; só chorávamos e nem piscávamos tal era a nossa concentração diante da tela. Uma emoção indizível.

Saímos extasiados da sala. Com os olhos inchados, ao mesmo tempo ríamos e chorávamos. O mundo parecia ter parado. Nada mais pareceu importante por alguns instantes. Enquanto nos dirigíamos para um bom almoço, comentávamos sobre o quanto Deus fora maravilhoso conosco. Sua mais recente demonstração de amor e seu maior presente de natal, para mim e para Lu, foi essa menina. Linda!!!!!!!!!!!!!!!!

Ela será maravilhosa, conselheira, mulher forte, a princesa da nossa casa.


Será a Maria Flor Oliveira de Mira




NOTA

O epíteto é um trecho da poesia "drome, minininha!", publicada na obra "111 poemas para crianças", do professor Sérgio Capparelli, publicada pela L&PM, em 2006 (5ª ed).


às flores da minha vida 2


Teus olhos são como a luz da lua
E a Tua voz como o som do mar
O Teu silêncio é o meu refúgio
E o meu conselho pra caminhar.

No Teu abraço renasce o sonho
No Teu carinho desfaço a dor
Por mais que eu tente viver a vida
Não tem mais jeito sem Teu amor.

Raio de sol, maravilha
Meu bem querer, minha flor
Minha mulher, minha doce amiga
Presente de Deus e do Seu amor.


[trecho da linda música Raio de Sol, composição do excelente João Alexandre. A canção é belamente cantada no CD Família]

em busca do Deus perdido

Trechos da obra "Perguntaram-me se acredito em Deus", do sempre bom Rubem Alves, editora Planeta, 2007.


As Escrituras Sagradas são um livro cheio de cacos. Nelas se encontram poemas, estórias, mitos, pitadas de sabedoria, relatos de acontecimentos, poemas eróticos, eventos sangrentos. Ao ler as Escrituras comportamo-nos como um artista que seleciona cacos para construir um mosaico ou como um compositor a compor sua sonata. (p. 16)

Cada religião é um mosaico, um jeito de ajuntar os cacos. (p. 17)

É preciso esquecer os nomes de Deus que as religiões inventaram para encontrá-lo sem nome no assombro da vida. (p. 55)

A pergunta não deveria ser 'Você acredita em Deus?', mas 'Você se comove com a beleza?' Deus nunca foi visto por ninguém. Ele se mostra na experiência da beleza. (p. 56)

A palavra é o começo de tudo. Com a palavra o universo começou. Com a palavra nós começamos. Somos poemas encarnados. Somos as estórias que moram em nós. (p. 95)

evangelize - Levi Nauter


LNM



Um folheto de (pseudo)evangelismo ontem. Mas ela não se converteu. Uma professora de (...) não se rende assim tão facilmente a um folheto, ainda mais com as características daquele.

Chegou em casa, entregou-me a 'joinha'. Também não me converti. Sou um osso duro e minha idade já não me deixam encurvar para qualquer foto ou mensagem.



Um homem de branco em meio a uma multidão. Os braços abertos. Seu nome inscrito em letras notáveis. A menção a Deus era apenas um subterfúgio para falar de si. A multidão nada falava, não retrucava, era inquestionável. Qualquer coisa dita ressoava sem anti-inculcação. A multidão era feita de muletas, cadeiras de rodas e aparelhos ortopédicos. O homem de branco é o missionário que fala aos inertes.

Todos nós sabemos que Deus é amor. Não carecia uma igreja com esse nome. Só Deus é soberano, não precisa aparecer o nome do missionário em todas placas de igrejas. Tampouco é necessário saber que existe um templo – feito com vários e vários dez por cento – com nome pomposo. Mas há líderes que precisam ser necessários. Quando é preciso colocar num folheto as fotos de um cara 'pregando' para cadeiras de rodas é porque a coisa está feia. Lógico que tanto o líder quanto os seus seguidores (nem sempre fiéis) não vão admitir que algo está podre. Mas há algo de podre no Reino de Deus e a culpa não é do Todo-Poderoso.

Os doentes são os membros dessas igrejas. Esses aparelhos de deficiência escondem a deficiência interna. A falta de discernimento, a falta de usar aquilo que Deus nos colocou e que só nosso: a massa encefálica. A muleta, a cadeira de roda, podem ser a falta de autonomia. Mas a muleta e cadeira de roda continua de modo invisível. A cadeira de rodas passa a ser o banco da igreja que me exige sentar diariamente em três 'grandes concentrações'. A muleta passa a ser a dependência na fala do tal líder. Despojo-me da minha sagrada autonomia, do meu divino livre-arbítrio para virar papagaio. Minha fala passa a ser o eco do meu missionário. Que tristeza!!!

Em vez de ser apenas um doente, morro; desfaço de mim. Eu não sou mais eu, o líder vive em mim. Passo a morar no mundo, mas não me considero desse mundo. Mais que isso: o mundo que se dane, que se exploda. Todo o resto (pessoas que pensam diferente, o meio ambiente etc.) passa a ser 'Soraia'. Meu 'hino' preferido? “Eu quero ver Soraia queimada...”. Voto por votar, desmato meu terreno e deixo minha casa toda calçada. Não ouço música do mundo. Não uso roupa do mundo. Não compactuo com esportes, nem com humor, nem com leituras para além da Bíblia. Adoro catástrofes, amo fogo. Fico feliz em ver pessoas morrendo – aqui no meu país ou no exterior (essa gente incrédula não tem serventia). Quero aproveitar o êxtase do provir no agora: grito histericamente quando meu líder fala, ou – se não grito – sigo suas intruções ipsis literis; não entendo bulhufas o que ele diz, mas é o que quero ouvir. Para mim o viver é o meu líder. Sua espiritualidade me atrai, tudo nele me atrai. Sou tarado por ele. Morri por ele. Vivo na sombra.

Santa ironia...




desintoxicação 1 - trilha sonora

Levi Nauter


Estou vivendo um período que estou chamando de "desintoxicação". Noutro momento explico melhor o termo - na concepção que pretendo utilizá-lo.

Por ora, basta dizer que há uma trilha sonora evangélica lá em casa. de tempos em tempos eu retomo o CD e começo a ouví-la. Trata-se de "Un viaje largo", da potente Marcela Gandara - cantora mexicana, estudante nos EUA. Sua voz linda atrelada a uma magnífica letra fazem meus momentos de solidão mais próximos do Deus que eu sirvo. Quando penso nas críticas que recebo (ou por e-mail, ou pelo blog ou, ainda, pessoalmente) também penso que nasci para esse tempo. Nasci na pós-modernidade, chamada por outros de modernidade atrasada. Resta-me assumir essa condição. Meu mundo momentâneo é esse que, às vezes inexplicavelmente, beira o caos. Nele preciso ser luz, nele preciso ser sal. Nele preciso ser eu. Para que isso aconteça a Gandara me relembra - de quando em quando - meu valor para Deus. Leiamos a poesia da canção:

Ha sido largo el viaje pero al fin llegué.
La luz llegó a mis ojos aunque lo dudé.
Fueron muchos valles de inseguridad los que crucé.
Fueron muchos días de tanto dudar, pero al fin llegué, llegué a entender.


Que para esta hora he llegado, para este tiempo nací, en sus propósitos eternos yo me vi.
Para esta hora he llegado, aunque me ha costado creer, entre sus planes para hoy me encontré.

Y nunca imaginé que dentro de su amor.
Y dentro de sus planes me encontrara yo.
Fueron muchas veces que la timidez, me lo impidió.
Fueron muchos días de tanto dudar, pero al fin llegué, y ya te amé.



Descobrir que Deus me ama, me aceita e me compreende - em que pese meu OFF - é uma das melhores notícias de um ser vivo. Supero essa alegria, ou fica no mesmo patamar, saber da filhota que está a caminho. Outra bondade divina.








http://www.marcelagandara.com
http://www.myspace.com/marcelagandara

soundtrack natalino


levi nauter


Na falta de um artigo bem escrito, vale algumas dicas. Minha inércia tem a ver com as atividades docentes e com as atividades de um futuro pai que precisa colocar a casa em ordem antes da chegada da criança. Assim é que tenho suado a camiseta carregando terra, tijolo, cimento; negociando preços de materiais e mão-de-obra. Um sufoco. Sou um pouco pedreiro, serralheiro, marceneiro, limpador de caixa d'água, jardineiro e pintor. Bela aventura para que a casa fique do jeito que sonhamos. Ufa!



Para descançar e refletir sobre o natal, há um bom tempo venho escutando uma obra que considero primorosa. Trata-se do CD Like Christmaas all year 'round, do sempre bom e conversador Dennis Jernigan. A obra é de 1994, 'publicada' pela Shepherd's Heart Music. Gosto do Jernigan porque o considero bom músico, bom arranjador de vocais, além de pianista. Nesse disco ele compôs todas as letras e músicas. Os arranjos da orquestra ficaram quase impecáveis e os vocais não deixam a desejar. Há momentos que nos convidam para uma viagem ao som da lira, das flautas e até da harpa. Uma bela homenagem ao nosso Senhor.
Destaco algumas músicas: starry night (os arranjos ficaram lindos e a letra maravilhosa); little child - in a manger lay (dueto excelente e um belo coral); glory to God in the highest (vocais que demonstram a maestria do Dennis para arranjos de voz); hallelujah! Christ Jesus is born (linda); Jesus will reigh (a sincronia entre músicos instrumentistas e músicos vocalistas).

Quem tiver acesso ao CD ou quiser fazer download, possivelmente não irá se arrepender.




http://www.dennisjernigan.com


ler um bom livro

Levi Nauter



A Igreja vive um momento crítico. E pessoas, dizendo-se 'de Deus', têm invadido o mercado editorial propondo receitas, fórmulas; quase todas visando ao aspecto quantitativo e não qualitativo. Mas o mundo, que é o lugar onde a instituição está, não está pronto, dado, acabado. Ele é uma construção, um emaranhado de ocorrências que se cruzam, se fundem ou dicotomizam. Portanto um livro não pode ter fórmulas. Pode, isso sim, ter intenções, sugestões e propostas.


Um livreto (chamo assim pelo tamanho e não pelo conteúdo) com a cara do Brasil está à disposição de todos nós. Trata-se da obra (e vale o título) Neuroses Eclesiásticas. Nela o pastor, professor de teologia e psicólogo Karl Kepler tocas em pontos cruciais da nossa crise. Mas não toca apenas pelo prazer do sofrimento ou das más notícias. Faz isso com uma clareza incrível para relembrar-nos da função do evangelho de Cristo.


A boa notícia é que o livro está acessível a todos nós, graças ao CPPC [Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos] que desempenha – um tanto na surdina – um papel fundamental para a saúde mental da igreja.


Em vez de ler Rick Warren e companhia, leia o Karl (esse nome histórico tem muito a nos dizer).


Faça um download da obra clicando em:


http://www.cppc.org.br/textos/Neuroses Eclesiasticas.pdf


Melhor ainda será estabelecermos um diálogo 'pós-leitura'


Levi Nauter,

www.anotacoessobreumcristianismo.blogspot.com


paradinha estratégica

Levi Nauter


Minha pausa tem a ver com a correria do dia-a-dia, com minhas inconformidades, com minhas tristezas, com minhas poucas alegrias. Ando curtindo minha mulher, a criança que, crescendo, se mexe bastante. Estou desligado do mundo. Pouco vejo TV (principalmente noticiários), pouco ouço rádio. estou recolhido a minha insignificância. Mas, como diria o Zé Ramalho:

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo



duras lições - de Ricardo Gondim

Desde os meus 21 anos estou envolvido com o mundo religioso. Sem arrogância, posso afirmar que aprendi bastante sobre seus bastidores, sacristias e porões. Dizer que aprendi não significa que sou inteligente, esperto ou genial, apenas que me enfronhei nesse ambiente.

Aprendi que os religiosos, como os demais espaços institucionais, geram as” panelas” do poder. Geralmente acontece assim: alguém alcança o topo da hierarquia e se acompanha de amigos que desfrutam as benesses da posição. Os outros ambicionam chegar lá, onde o poder, a reputação, os privilégios, são diferenciados. Começam, então, as futricas. A curriola que domina faz de tudo para preservar-se e quem almeja subir, se esforça para suplantar os figurões, seja conspirando ou procurando mostrar-se mais ungido.

Aprendi que os religiosos confudem fé com credulidade e ficam furiosos quando contestados. Acreditar é sagrado, mesmo que não faça sentido ou não tenha plausibilidade com a vida. Os religiosos sabem transformar circunstâncias banais em “testemunhos fantásticos” e se contorcem para explicar tragédias horrorosas como mais um “mistérioso propósito de Deus”. (Por exemplo, estar atrasado para um compromisso e conseguir passar por três sinais de tränsito abertos é um milagre, mas a morte de milhares de crianças em Darfur, um mistério; “o barro não pode questionar o oleiro”).
Aprendi que os religiosos não têm coragem de ser honestos com suas crises internas. Mentem para si e para os outros citando textos da Bíblia, tirados do contexto e incoerentes com a experiência existencial. Tentam enganar-se repetindo que são exitosos no que fazem e experimentam; não admitem que suas vidas são, muitas vezes, uma meia-sola, mera recauchutagem da felicidade. Os religiosos adoram transformar os cultos em arenas, onde brincam de guerra ou em palcos, onde encarnam personagens míticos poderosos. Isto é, na igreja comportam-se como Hércules, que estraçalha seus inimigos ou como Fênix, que sempre ressurge das cinzas com maior vigor. A realidade, porém, os esbofeteia; negam precisar de terapia psicológica como qualquer mortal; morrem, mas não admitem que tomam ansiolítico.

Aprendi que os religiosos não levam suas lógicas até às últimas consequências. Eles temem perguntas que geram outras perguntas. Aliás, questionar entre os religiosos é sinal de rebeldia e rebelde tem parceria com o demônio. Os religiosos se sentem satisfeitos de citar um versículo (sempre fora do contexto) e dizer que, se “a Bíblia afirma assim e assim, ninguém deve entristecer a Deus com perguntas impertinentes”. Satisfeitos e acomodados com a interpretação dada por algum teólogo, contentam-se com os textos que lhes soam convenientes.

Aprendi que os religiosos só são amigos de quem pensa igual a eles. O que ousar desafiar algum dogma, torna-se persona non grata, pior que leproso dos tempos medievais. Experimentei na pele esse tipo de ojeriza. Amigos que pareciam legitimamente afetuosos, de repente, sem jamais conversarem olho no olho, passaram a espalhar sórdidos boatos a meu respeito. Rubem Alves tem razáo, os religiosos nunca mataram um pecador, eles só assassinam os que consideram herege. Estou convencido que muitos só não me mataram porque cometeriam um crime. O ódio que os alimenta, porém, é real.

Aprendi que os religiosos são egoístas e só consideram relações ensimesmadas com o divino. Eles buscam bênçãos, milagres, intervenções sobrenaturais, para terem vantagem na árdua e perigosa aventura de viver. Caso alguém diga que a resposta às suas preces precisaria se conectar com toda a humanidade; com os miseráveis nos campo de exilados, com as crianças africanas que passam fome, a resposta seria: “E eu com isso?. Os religiosos se isolam da sorte humana. Egocêntricos, não conseguiriam explicar a graça e a justiça divina, caso recebessem o que acabaram de pedir.
No final dos meus 54 anos, aprendi sobre religião o suficiente para distanciar-me dela. Por isso procuro, constantemente, manter-me apaixonado pelo Evangelho. Afinal de contas, os religiosos conspiraram e mataram Jesus.


Soli Deo Gloria

GRAVIDADE 5 – tantas emoções


Levi Nauter



A preocupação com a eloqüência e a necessidade de mostrar talento tirou o sangue de muitos! Sêneca



Ontem tive a maior experiência da minha vida. Vi a criança que nascerá a partir do final de abril dando cambalhotas. Segundo o médico, possivelmente será uma menina, a Maria Flor. Foi lindamente emocionante. Os bracinhos, as perninhas, a cabeça, sobretudo o nariz. Lindai! O médico tocava na barriga a fim de um ângulo melhor, a Flor dava uma espécie de pulinho ou fazia uma cambalhota. Nós, pais, abobalhados, emocionados, assistíamos. O coração a mil: 170 batimentos por minuto, parecia um temporal.

Que presente de Deus! Que Deus perfeito, sabe direitinho como emocionar a gente. Ver aquele pequeno ser foi para mim um deslumbre da glória divina. Aproximadamente doze centímetros fazendo a nossa felicidade.

Não havia nenhuma cambalhota de mais. Ela não disse uma palavra. O momento foi simples e singelo. Nada de eloqüência. Apenas pulinhos, apenas brincadeira, apenas a celebração da vida.

Embasbacado, lembrei do Drummondii:


“Como fazer feliz meu filho?

Não há receitas para tal.

Todo o saber, todo o meu brilho

de vaidoso intelectual


vacila ante a interrogação

gravada em mim, impressa no ar.

Bola, bombons, patinação

talvez bastem para encantar?

(...)

Eis que acode meu coração

e oferece, como uma flor,

a doçura desta lição:

dar a meu filho meu amor.


Pois o amor resgata a pobreza,

vence o tédio, ilumina o dia

e instaura em nossa natureza

a imperecível alegria.”


Saimos do consultório felizes, rindo e chorando. Somos três: eu, a Lu e, ao que tudo indica, a Maria Flor.

Duas flores da minha vida.




iAté confirmação contrária, utilizarei o gênero feminino. Afinal, há mais probabilidade de eu errar do que um médico acostumado com ecografias cometer tal gafe – ainda que não se possa descartar.

iiOs trechos selecionados são da poesia Diante de uma criança, do mestre Carlos Drummond de Andrade. Da obra Poesia Completa – conforme as disposições do autor, publicada pela Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro – em 2002, numa parceria com a Bradesco Seguros.


FOTO: da minha amada Lu de Mira.

GRAVIDADE 4 - a música para criança

Levi Nauter







Ontem, 12 de outubro, foi um dia atípico para mim e para a Lu. Grávidos, resolvemos passar o dia ouvindo música infantil. Adriana Partimpim, Palavra Cantada e grupo Cuidado que Mancha fizeram parte das audições. Um dia antes, assistimos ao programa Vitrine (TV Cultura) que entrevistou Paulo Tatit e Sandra Peres, as, digamos, cabeças pensantes do Palavra. Tanto o canal já citado quanto a TV Brasil montaram uma grade de programação bem interessante no dia dos pequenos. Foi um momento especial. Treze anos de casado, ansiando por esse momento. Enquanto acarinhava a barriga que se sobressai na Lu ouvíamos a peça 'A família sujo', do grupo Cuidado...

Parecia que estávamos num teatro, com nosso filho ou nossa filha. O CD da Adriana rodou pelo menos duas vezes e nós dois catávamos como se estivéssemos num estádio de futebol – sabíamos todas as letras e cantávamos eufóricos. O Brasil é ótimo e os nomes citados (provavelmente existem outros poucos, mas não os conheço) cantam letras inteligentes.


Nossa alegria durou pouco. Por volta de onze da manhã uma igreja perto da minha casa anuviou o dia ensolarado cuja brisa saudava-nos diretamente no rosto. A partir desse momento uma tristeza começou a tomar conta de mim. Até aquele momento ouvira músicas bem pensadas, ouvira uma arte de essência. Porém naquela hora eu e meus vizinhos fomos obrigados a esquecer a criancice, tivemos de largar a poesia infantil, o lado bom de ser criança. E óbvio que não digo isso por desdenhar o papel da fé nos babys. Também não digo isso por achar que as crianças não mereçam um dia pensado de maneira mais estratégica. Falo justamente porque elas merecem esse dia. E merecem algo bom, estrategicamente bem pensado e esteticamente belo.

Com a programação da igreja senti-me na Austrália.

Todo o instrumental foi microfonado e colocado na frente do templo. Ou seja, não havia escolha: ou se ouvia ou se ouvia a programação. Australiana.

Nunca ouvi tanta versão do Hillsong United num dia só. Quando pensei que havia acabado a afronta aos pequeninos, começou a sessão Fernandinho. “Eu quero ir bem mais alto...” só poderia instigar as crianças a quererem uma roda-gigante. Num dado momento fui obrigado a fazer uma oração de contraponto: o pessoal cantava “Faz chover” e eu 'orava' “Não faça chover, não dê ouvidos a esse pedido, o dia tá maravilhoso”. Acho que Deus me ouviu. Não choveu.

Minha tristeza foi pelo conteúdo das músicas escolhidas. Completamente fora da realidade dos pequenos. Foi uma insanidade cantar algumas coisas do Fernandinho que nunca foram pensadas no contexto infantil. Um absurdo ter que ouvir guitarras distorcidas tocando, desafinada e descompassadamente, King of majesty. Era um conjunto de vozes e instrumentos que oscilavam entre afinação e desafinação. Mas, tudo em alto volume. Os esquetes eram para 'tentar' ganhar um descrente, nada tinham a ver com o dia da criança. Que pena!

A única música que ouvi que tinha algum sentido era a monótona:

Havia um homenzinho torto
Morava numa casa torta
Andava num caminho torto
Sua vida era torta
Um dia o homenzinho torto
A bíblia encontrou
E tudo que era torto
Jesus endireitou.

Até essa os músicos conseguiram dar uma estragadinha básica. Coitadas das crianças.

Sinto pela minha falta de 'amor', mas bestializaram um dia especial. Eu acho que até Deus estava mais afim de ouvir “Lig-Lig-Lig-Lé” (da Partimpim) ou “Criança não trabalha” (do Palavra...). Mas 'homenzinho torto'...


Algumas mentalidades, pelo que observei, pensam que criança tem de ser um mini-adulto. Não pode brincar, correr, gritar, dançar (a não ser que tire o pé do chão), fazer querrinha, entre outras coisas. Eu quero que meu filho ou minha filha brinque muuuuuuuuuuiiiiiiiiiitttttttoooooooo.

Minha opção será apresentar-lhes músicas que falem da vida infantil, das brincadeiras, da gostosura de ser criança. Querer ir mais alto ou mais fundo, ou dizer que tem sede de justiça e não de refri ficará para uma outra oportunidade. Vamos ser criança. E brincar é aproveitar esse momento que Deus criou para se ser criança quando se é criança. A criança precisa saber que tem um Deus mas tem de esquecê-lo para brincar sem medo. Sem medo é brincar despreocupadamente; sem ter que fazer coreografia pra Jesus, cantar pra Jesus, brincar, pular, dançar, tudo pra Jesus. Chega, pô.

Deixe a criança brincar por brincar. Deixe ela ser feliz.


Que desejamos para os nossos filhos? Que eles sejam felizes. Sorrimos ao vê-los por aí a correr, a pular, a cantar, a brincar, pensando nas coisas de criança. Mas enquanto brincam e riem eles não pensam em nós. Se um filho, ao se levantar, viesse até você e o elogiasse, e agradecesse porque você lhe deu a vida e jurasse amor para sempre, e fizesse a mesma coisa na hora do almoço, e repetisse os mesmos gestos e palavras ao meio da tarde, e de noite fizesse tudo de novo, suspeitaríamos de que alguma coisa não está bem. O que desejamos é que eles gozem a vida sem pensar em nós. Quem pensa demais e fala demais sobre Deus é porque não o está respirando. A fala indica uma ausência.”1


Que tal?








1Rubem Alves em Perguntaram-me se acredito em Deus. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007 (2ª reimpressão). Pág. 53/54






GRAVIDADE 3 - aventura

Levi Nauter



Muitas vezes a poesia é a melhor mensagem quando as palavras fogem. A primeira vez (há cerca de um ano) que ouvi a música transcrita – cantada pela linda Marcela Gandara – chorei. Eu só estou vivo pela infinita misericórdia divina. Deus é a fonte da minha vida. Ele pôs perto de mim a Lu, uma mulher fantástica que muito me ensina. Não bastasse isso, vem mais um professor ou uma professora: o João Vítor ou a Maria Flor.


Ah, Deus, assim eu não agüento!!!



Es una aventura - Marcela Gandara

Y es una aventura conocerte,
Caminar y obedecerte, y vivir por ti.
Es una aventura estar contigo,
Caminar y ser tu amigo, y vivir por ti.
Y es una aventura cada dia si te tengo a ti,
Si te tengo a ti.

Es una aventura, el mar puedo cruzar,
Camino sobre el agua, si tu conmigo vas,
Es una aventura cruzar por el umbral,
Que lleva a lo imposible si tu conmigo vas,
Si tu conmigo vas.

Es una aventura que no acaba,
Al confiar en tu palabra y seguirte a ti,
Es una aventura cuando creo sin importar
Lo que yo veo por que estas ahi,
Es una aventura cada dia si te tengo a ti,
Si te tengo a ti.

Es una aventura, el mar puedo cruzar,
Camino sobre el agua, si tu conmigo vas,
Es una aventura cruzar por el umbral,
Que lleva a lo imposible si tu conmigo vas,
Camino sobre el agua, si tu conmigo vas,
No hay nada imposible si tu solo tu,
Si tu conmigo vas.



Links para saber mais da mexicana:

Com vídeo: http://letras.kboing.com.br/marcela-gandara/es-una-aventura/

A música com mais qualidade: http://www.youtube.com/watch?v=w0vFn-AwgzY

Site: www.marcelagandara.com



meu jardim

meu jardim
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minha alegria
Maria Flor

Sobre este blog

Para pensar e refletir sobre o cotidiano de um cristianismo que transcende as quatro paredes de um templo.


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LEVI NAUTER DE MIRA, doutorando em educação (UNISINOS), mestre em educação (UNISINOS) e graduado em Letras-português e literatura (ULBRA). Tenho interesse em livros de filosofia, sociologia, pedagogia e, às vezes, teologia. Sou casado com a Lu Mira, professora de História, e pai da linda Maria Flor. Adoramos filmes e séries.

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